Ala de Lula no PT critica poder excessivo do centrão e fala em ditadura do BC
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Ala política liderada pelo presidente Lula (PT), a tendência petista Construindo um Novo Brasil (CNB) apresentou ao partido uma proposta de resolução em que afirma que o bloco de partidos do chamado centrão exerce influência desmedida no Legislativo e tenta deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial.
O texto também defende a libertação do Brasil do que chamou de ditadura do BC independente e de um "austericídio fiscal".
"O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC "independente" e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país", diz o documento.
Esse documento será submetido às demais correntes internas do PT nesta sexta-feira (8), data em que Lula abrirá a conferência do partido.
Ao pregar a organização do partido para mudar a correlação de forças no Legislativo, o documento petista afirma ser inegável que seu campo político permanece minoritário no Congresso Nacional.
"As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial".
O texto diz que o governo respeita a legitimidade de um Congresso igualmente eleito pela população. Mas propõe um esforço conjunto de dirigentes e ministros petistas, além de seus aliados, para levar à população o conteúdo político-transformador das mudanças e da reconstrução do país.
Mais uma vez, o PT defende a responsabilização e punição dos comandantes políticos, civis ou militares, dos atos de 8 de janeiro, "a começar por Jair Bolsonaro, para que nunca mais voltem a ameaçar a democracia".
Após passar por emendas das demais tendências petistas, o texto final deverá ser divulgado, oficialmente, nesta sexta, véspera de um debate sobre política econômica que reunirá à mesa o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR).
Gleisi já fez críticas públicas à autonomia do PT, além de questionar internamente a fixação de meta de déficit zero para o ano que vem, política encampada por Haddad.
A presidente do PT integra a CNB, assim como Haddad. A corrente de Lula detém o maior número de cadeiras do Diretório Nacional.
A distribuição do documento provocou mal-estar entre ministros do governo Lula, que reclamaram da realização da reunião do diretório no mesmo dia da abertura de uma conferência que reunirá mais de 4.000 pré-candidatos a prefeito e vereadores em Brasília.
Após listar avanços da política econômica, o documento afirma que "não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do BC, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado".
A proposta de resolução diz que graças à credibilidade de Lula e apesar do BC de Campos Neto, a inflação caiu e está sob controle, o emprego aumentou, a renda da população melhorou.
O texto também afirma que "temos ainda reservas internacionais de US$ 350 bilhões, reforçadas no atual governo, que nos protegem de eventuais choques externos".
Ao afirmar que o cenário herdado é desafiador, o texto da corrente de Lula afirma que para alcançar êxito, "é necessário concretizar nossos compromissos com a imensa maioria da população e reforçar o enfrentamento político cotidiano com a extrema-direita e os adversários do desenvolvimento do país que, mesmo derrotados nas urnas, seguem organizados e ativos".
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