Bolsonaro reúne apoiadores na Paulista com coro de 'fora, Xandão' e apoio a Musk
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se concentram em parte da avenida Paulista, na região central de São Paulo, na tarde deste sábado (7), em protesto que tem como alvo o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Bolsonaro cumprimentou apoiadores e subiu no caminhão de som ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e dos filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) pouco depois das 14h. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) também estava no veículo, mas não foi anunciado.
No mesmo trio estavam ainda o pastor Silas Malafaia ao lado de um grupo de legisladores bolsonaristas, como os senadores Magno Malta (PL) e Marcos Pontes (PL) e os deputados federais Mario Frias (PL) e Ricardo Salles (Novo). Antes dos discursos, o caminhão mesclava falas religiosas, paródias de funks e odes a Bolsonaro.
O ex-presidente esteve em hospital na manhã deste sábado, em São Paulo, porque, segundo seu entorno, se sentiu mal em decorrência de uma gripe. Ele, porém, manteve a ida ao ato.
Na véspera, o ex-presidente afirmou, em um discurso a apoiadores em Juiz de Fora (MG), que a manifestação seria feita para desafiar o que ele chama de "sistema" e para pedir a saída de Moraes, a quem chamou de ditador.
O primeiro discurso foi do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chamou Moraes de psicopata e puxou o coro de "fora, Xandão". Também pediu o impeachment do magistrado e a anistia aos acusados de atos golpistas e que os apoiadores defendam quatro bandeiras.
"Número um, o fim da perseguição dos inocentes e prisões políticas. Número dois, a anistia para todos os presos políticos. Três, o encerramento de todos os inquéritos ilegais derivados do inquérito do fim do mundo e quatro, o impeachment de Moraes", pediu, sendo muito aplaudido.
Alguns manifestantes seguram cartazes, em inglês e em português, pedindo ajuda ou agradecendo ao bilionário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter.
O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação, disse à Folha que seria "duríssimo" contra o ministro no evento.
A manifestação foi insuflada por decisão de Moraes de suspender no Brasil as atividades do X, após a empresa não indicar um representante legal no país.
Desde então, o dono da plataforma, Elon Musk, tem endossado postagens sobre o protesto. Ele escreveu que o magistrado "deve sofrer impeachment por violar seu juramento de posse".
Outro episódio recente que gerou críticas de bolsonaristas foi a série de reportagens publicada pela Folha que revelou atuação fora do rito no gabinete de Moraes no STF. Auxiliares ordenaram por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral, também chefiada na época pelo ministro, para embasar decisões do próprio magistrado contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.
Na última manifestação bolsonarista na avenida Paulista, em fevereiro, Bolsonaro maneirou a conhecida agressividade contra o Supremo e afirmou buscar a pacificação do país.
Naquela ocasião, apoiadores foram orientados a não levar faixas e cartazes contra o STF. Desta vez, não houve este pedido, afirma Malafaia.
O protesto tem impacto ainda na eleição municipal de São Paulo, no momento em que o público bolsonarista tem abraçado a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) apesar de Bolsonaro ter indicado apoio ao prefeito.
Marçal, que viajou para El Salvador na quinta (5), fez mistério sobre ir à manifestação.
Declarado inelegível pela Justiça Eleitoral até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.
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