Boulos insinua que Nunes faz caixa 2, mas admite não ter provas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) insinuou que seu adversário no segundo turno, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), faz caixa dois, mas admitiu não ter como comprovar a afirmação.
A declaração foi dada em debate promovido pelo Grupo Globo que, com a recusa do emedebista em participar, virou uma sabatina do candidato do PSOL.
Na entrevista, Boulos foi questionado sobre o valor da campanha, que recebeu R$ 65 milhões de fundo eleitoral. "A diferença é que eu não uso caixa 2", respondeu ele. "A diferença é que a minha campanha é toda transparente e por dentro, olhem São Paulo e veja quem é que tem mais estrutura e material de campanha."
Indagado se teria provas, o psolista afirmou que não. "Denúncia pública, com documentos comprovados, eu não tenho. Mas, olha a cidade. Não são ilações. Basta olhar para o dinheiro que cada campanha tem e o visual que cada campanha tem", disse.
Nunes declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitora) receita de R$ 44,9 milhões. Sua campanha prometeu processar Boulos na Justiça comum e na Eleitoral pelas declarações desta quinta-feira.
"Guilherme Boulos já foi condenado pela Justiça quatro vezes em dois dias de campanha por mentiras contra Ricardo Nunes", afirmou. "O seu sistemático e calculado discurso de ódio só o levará a dois lugares: o recorde de rejeição e a novas condenações judiciais."
Em entrevista a jornalistas, Boulos criticou Nunes pela ausência no debate e o chamou de "fujão".
"Fugiu o tempo todo como prefeito das suas responsabilidades. A cidade ficou largada, foi reaparecer na época de eleição", afirmou.
O psolista também prometeu um ato em frente a prefeitura "para debater com o povo de São Paulo em praça pública" caso algum dos debates seja cancelado por causa da ausência do emedebista.
A equipe de Nunes reagiu e afirmou que alertará a Prefeitura de São Paulo sobre o risco de invasão, apedrejamento e depredação e citou manifestações do movimento sem teto: "a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de SP] e o Ministério da Fazenda já foram vítimas de sérios prejuízos".
O prefeito não participou do debate sob o argumento de que foram marcados 12 encontros, e sua campanha sugeriu reduzir o número para três .
APOIO DE ALCKMIN
No início da sabatina, o psolista foi questionado sobre os apoios que têm recebido desde o primeiro turno, como do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que Boulos já criticou no passado e era governador quando ele foi detido na desocupação do comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).
"O que mudou foi o Brasil. Nessa mesma época, o Lula e o Geraldo eram adversários e se criticavam com mais dureza do que as minhas críticas ao Alckmin. O que mudou não foi a personalidade das pessoas, mas nesse meio-tempo surgiu uma direita marcada pelo ódio e violência e fez com que setores que pensam diferente se unam", disse o candidato.
PROPOSTAS DE MARÇAL
Ele também voltou a falar sobre como atrair eleitores de Pablo Marçal (PRTB), que teve mais de 28% dos votos no primeiro turno. Entre as propostas, citou o estímulo ao empreendedorismo e também o investimento em esportes nas escolas
"Ele chamou de escola olímpica. [Vou integrar] O conceito de integrar o esporte com as escolas municipais, como uma oportunidade para o jovem, o adolescente, ver o esporte como algo que dá um caminho de vida para o jovem. É algo que vamos assumir", afirmou.
Boulos embarca na manhã desta quinta-feira para Brasília para gravar campanha ao lado do presidente Lula (PT). afirmou que deve discutir ainda formas de incorporar propostas que estimulam o empreendedorismo, tema também da campanha de Tabata Amaral (PSB).
"A prefeitura não tem condições de garantir isso sozinha, por isso vou discutir isso com o presidente Lula para discutir os formatos e recursos", afirmou.
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