“Não serei interrompida.” Com essas palavras, a vereadora Marielle Franco marcou seu discurso no plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 8 de março de 2018. Uma semana depois, ela foi assassinada. Hoje, sua fala é um símbolo de resistência e se transforma novamente em campanha contra a violência política de gênero e raça.

Nesta segunda-feira (15), o Instituto Marielle Franco relançou a campanha **Não Seremos Interrompidas**. Em um ano de eleições municipais, a iniciativa visa incentivar que partidos políticos e a Justiça Eleitoral implementem resoluções de combate à violência e promovam um debate seguro para as mulheres pré-candidatas, principalmente as negras.

Apesar de representarem 28% da população brasileira, as mulheres negras são apenas 6,3% nas câmaras legislativas e 5% nas prefeituras, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, com base nas eleições municipais de 2020. “Ter mais mulheres, mais pessoas negras na política é fundamental porque isso diz respeito a quem nós somos enquanto país,” afirma Lígia Batista, diretora-executiva do Instituto Marielle Franco.

A campanha destaca que a presença de mulheres negras na política não se garante apenas pelas candidaturas, mas também pela segurança e respeito tanto às candidatas quanto às eleitas. Desde a aprovação da Lei de Violência Política em 2021, os partidos ainda negligenciam a criação de políticas internas de proteção e segurança para essas mulheres.

A lei prevê penas de um a quatro anos e multa para quem assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar candidatas ou mulheres eleitas, discriminando-as por gênero, raça ou etnia. A pena é aumentada para crimes contra mulheres gestantes, idosas ou com deficiência.

A campanha **Não Seremos Interrompidas** convoca a sociedade a garantir a aplicação dessas determinações legais e o fortalecimento das candidaturas negras e femininas. A campanha está disponível no site do Instituto Marielle Franco, onde é possível assinar uma carta destinada aos partidos políticos e ao Estado Brasileiro, reforçando a importância da Lei de Violência Política nas eleições municipais de 2024.