Candidata do PT vai bem na conservadora Goiânia, mas vitória é difícil
GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) - A deputada federal do PT Adriana Accorsi figurou durante toda a campanha embolada na liderança das pesquisas à Prefeitura de Goiânia, mas terá que enfrentar uma série de obstáculos caso passe para o segundo turno.
A capital de Goiás tem se mostrado nos últimos anos majoritariamente de direita. Jair Bolsonaro (PL) venceu Lula (PT) na cidade em 2022 por 64% a 36%, e os três principais concorrentes de Accorsi são do campo conservador.
A petista, que tem 51 anos, é filha de Darci Accorsi, um dos fundadores do PT no estado e o primeiro político do partido a comandar a Prefeitura de Goiânia (1993 a 1997).
Ela começou a carreira na Polícia Civil, foi por oito anos delegada da Criança e do Adolescente, além de ter sido a primeira mulher a comandar a Polícia Civil do estado, em 2011.
A sua identificação parlamentar na Câmara é "Delegada Adriana Accorsi", qualificação usada quase sempre pelo campo bolsonarista e que ela adotou não sem razão, tendo em vista a configuração ideológica no seu estado.
Accorsi tem como principais adversários o empresário Sandro Mabel (União Brasil), que é o nome do governador Ronaldo Caiado, do mesmo partido; o ex-deputado estadual Fred Costa (PL), apoiado por Bolsonaro; e o senador Vanderlan Cardoso (PSD), também do campo da direita.
Mabel e Fred usaram à exaustão na campanha os nomes de Caiado e Bolsonaro, respectivamente. O governador esteve em atos quase diários com o primeiro na reta final de campanha, e o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram a Goiânia tentar alavancar o segundo.
Já a petista Accorsi chegou a citar Lula e exaltar os possíveis benefícios federais que viriam devido à sua proximidade com o governo federal, mas de uma forma discreta.
"Eu tenho certeza de que eu vou para o segundo turno e que eu serei eleita a primeira mulher prefeita de Goiânia. Estou hoje empatada em primeiro lugar nas pesquisas, o que para mim já é uma grande alegria, uma grande honra e gratidão. No segundo turno será uma outra eleição", disse Accorsi à Folha nesta quinta-feira (3), em uma sala de reuniões de sua produtora de vídeos.
A petista afirma apostar em uma tomada de decisão do eleitor baseada em propostas, não em alinhamentos de esquerda e direita.
"Goiânia é uma cidade maravilhosa, que as pessoas amam, acolhedora, e que foi uma das cidades que mais cresceu, segundo o último Censo. Temos tudo para retomar o curso do desenvolvimento, com justiça social, com uma cidade humana e acolhedora. É nisso que a população está interessada, e não em questões ideológicas."
O primeiro cargo eletivo ocupado por Accorsi foi o de deputada estadual, por dois mandatos, de 2015 a 2022. No último ano, ela foi eleita deputada federal.
Ela já havia tentado a Prefeitura de Goiânia em 2020, mas ficou em terceiro lugar, com 13,4% dos votos válidos. Naquela eleição, foram para o segundo turno Vanderlan e Maguito Vilella (MDB).
O emedebista acabou eleito mesmo estando internado devido à Covid-19, mas jamais assumiu. Morreu em janeiro de 2021 devido a complicações da doença.
Seu vice, Rogério Cruz (então no Republicanos, hoje no Solidariedade), foi quem tocou a gestão e hoje tenta a reeleição, mas com remotíssimas chances devido à grande rejeição à sua administração.
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