Engler encaminha apoio de Zema em 2º turno em BH, e entorno de Fuad mostra ressentimento com o PT
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Encerrado o primeiro turno da eleição de Belo Horizonte, que definiu a disputa da prefeitura entre Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD), agora as campanhas partem em busca dos eleitores que optaram por outros candidatos na primeira etapa do pleito.
O candidato do PL encaminhou o apoio do governador Romeu Zema (Novo), que se aliou ao apresentador Mauro Tramonte (Republicanos) no primeiro turno, mas não foi presença constante em agendas e não apareceu em programas de TV.
Agora, por meio da articulação do vice-governador, Mateus Simões (Novo), a campanha de Engler prevê uma participação mais ativa de Zema.
Outro padrinho que deve estar presente é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que participou de um comício em setembro e deve voltar à capital mineira no segundo turno. A campanha ainda sonha em levar para Belo Horizonte o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou o presidente do PL no estado, Domingos Sávio.
"Temos claro que não vai ser o PL que vai eleger o Bruno, mas o povo de BH. Temos que buscar o eleitor do Gabriel [Azevedo, quarto lugar no primeiro turno], do Tramonte", disse Sávio.
O apresentador de TV ainda não indicou voto a um dos dois candidatos que disputam o segundo turno, mas seu partido deve seguir com Engler.
No primeiro turno, Tramonte esteve ligado a Alexandre Kalil (sem partido), nome que tem rejeição junto ao eleitorado de direita na cidade. Questionado sobre como o eleitor de Engler veria o apoio de Tramonte nesse contexto, Sávio afirmou que "Mauro é diferente de Kalil".
Engler também deve contar com a presença ainda mais constante de dois expoentes do bolsonarismo no estado, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos).
O primeiro viajou para o interior de Minas e para outros estados do país no primeiro turno, enquanto o segundo ficou focado na reeleição de seu irmão Gleidson (Novo) em Divinópolis, domicílio eleitoral da família.
Já a campanha de Fuad vai no sentido oposto e não quer ligá-lo a nenhum padrinho. A intenção é seguir a estratégia do primeiro turno, que colou sua imagem às obras na cidade.
O objetivo também é manter o prefeito como um candidato de centro, sem relacioná-lo muito aos nomes da esquerda que disputaram o primeiro turno da eleição e cujo desempenho é considerado decepcionante.
Nesta terça-feira (8), o deputado federal Rogério Correia (PT), que foi o candidato do presidente Lula (PT) no primeiro turno das eleições, declarou apoio à reeleição de Fuad e chamou a decisão de natural.
"E muito importante criar nesse segundo turno uma frente ampla, democrática e antibolsonarista, antifascista. O significado de uma vitória do bolsonarismo em Belo Horizonte seria uma tragédia nacional", completou o deputado federal, que ficou em sexto no primeiro turno.
Além do PT, o PSOL, a Rede e o PV já definiram o apoio à candidatura do atual prefeito.
O presidente do PSD em Minas Gerais e coordenador da campanha de Fuad, Cássio Soares, afirmou que a candidatura aceita os apoios da esquerda, mas ressalta que eles foram feitos de forma voluntária, sem a imposição de pautas.
Em relação ao apoio do presidente Lula (PT), adiantado na segunda (7) pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), o dirigente demonstrou um certo ressentimento em relação à disputa do primeiro turno.
"O principal apoio que poderíamos ter tido deles nós não tivemos, que era uma posição do candidato petista em BH não agressiva [em relação ao Fuad] como ele foi no primeiro turno. Não foi por falta de pedir", afirmou o também deputado estadual.
Um exemplo entre o desencontro entre o PT e o PSD na capital mineira ficou claro nesta terça.
Rogério Correia afirmou que haverá um ato nesta semana entre os representantes da sua coligação no primeiro turno e Fuad para a formalização do apoio. Já o coordenador da campanha do prefeito afirmou que o evento não está previsto pela candidatura.
Entre os outros candidatos mais bem votados no primeiro turno da eleição, o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB), ressaltou a responsabilidade dos 133 mil votos que recebeu (10,5% dos válidos) e afirmou estar dialogando com os partidos.
A reportagem apurou com pessoas próximas ao candidato que a tendência é que ele se mantenha neutro na disputa.
Já a deputada federal Duda Salabert (PDT), quinta colocada na disputa, com 7,6% dos votos, ainda não declarou seu apoio publicamente. Mas a tendência é que seu partido também recomende o voto no nome do PSD, inclusive porque o vereador Bruno Miranda (PDT), reeleito para mais quatro anos, foi líder de governo durante a gestão Fuad.
ASSUNTOS: Política