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Goiânia tem duelo entre Bolsonaro e Caiado, em teste de força para 2026

Por Folha de São Paulo

05/10/2024 23h00 — em
Política



GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) - A eleição municipal de Goiânia neste domingo (6) definirá não só os nomes dos candidatos que vão disputar o segundo turno na cidade, mas também o vencedor do duelo no campo da direita entre o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Caiado e Bolsonaro tomaram rumos distintos e se empenharam pessoalmente em prol de seus candidatos, que encarnaram a rixa nacional e promoveram uma campanha com trocas de ataques e uso à exaustão dos seus padrinhos políticos.

Ficou praticamente impossível a quem vive ou esteve em Goiânia nas últimas semanas não saber que Sandro Mabel (União Brasil) é o candidato do governador e que Fred Rodrigues (PL) é o nome de Bolsonaro —mensagem martelada incessantemente pelas duas campanhas na TV e nas redes sociais.

Bolsonaro deu tratamento especial à disputa em Goiânia, participando de comício ao lado de Fred em que chamou Caiado de "governador covarde". Também afirmou, em recente live, que vai "passar o trator em cima do candidato do governador".

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também viajou à cidade, gravou vídeos e participou de ato com Fred.

Já Caiado reservou os últimos dias para estar ao lado de Mabel em passeio ciclístico, carreata e caminhadas, ocasião em que abordou eleitores, um atrás do outro, com o mesmo bordão: "Me ajuda, vota no Mabel".

À reportagem o governador afirmou que é candidato à Presidência da República em 2026. Sobre ter sido chamado de covarde pelo ex-presidente, disse não ter medo de Bolsonaro.

Deputado federal, senador e governador de Goiás por dois mandatos, com boa avaliação popular, o político de 75 anos busca ser o nome da direita para enfrentar a possível tentativa de reeleição de Lula (PT), já que Bolsonaro está inelegível.

Para obter êxito, tem que enfrentar, além da atual rixa com o ex-presidente, uma série de concorrentes ao posto, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR).

O resultado deste domingo em Goiânia será mais um elemento nessa corrida presidencial que, a história mostra, é profícua em deixar pretendentes pelo caminho.

Goiânia tem o 15º maior PIB (Produto Interno Bruto) entre os municípios brasileiros e, apesar da sensação de segurança que destoa de outras capitais, enfrenta problemas sérios.

Eles estão na área de saúde, no trânsito carregado, no transporte público falho, além de outros sinais que podem ser vistos por qualquer visitante —como a coleta de lixo muito aquém da necessária, a sujeira que toma conta de boa parte da cidade e também a péssima iluminação pública, que deixa praticamente no escuro até regiões centrais.

O atual prefeito, Rogério Cruz (Solidariedade), assumiu o posto em 2021 com a morte de Maguito Vilela (MDB), em decorrência da Covid. Cruz é candidato à reeleição, mas tem alta rejeição e, nas pesquisas, aparece com remotíssima chance.

Ele se defende, questiona as pesquisas e diz que qualquer gestor tem algum tipo de rejeição. "Respeito todas as pesquisas, todas as instituições, mas pesquisa não é sentença", disse à Folha.

Mabel, 65, foi escolhido candidato por Caiado pela suposta capacidade gerencial, demanda da população detectada em pesquisas de opinião. Seu sobrenome é o da empresa de biscoitos da família, vendida à Pepsico em 2011, que a revendeu em 2022 à Camil.

Ele foi deputado federal por quatro mandatos, de 1995 a 2015, além de ter sido assessor especial da Presidência no governo de Michel Temer (2016-2018). Com bens declarados de R$ 313 milhões, é o mais rico dos candidatos nas 103 cidades com mais de 200 mil eleitores no Brasil.

Já Fred Rodrigues, 39, assumiu a função devido à desistência do nome bolsonarista número 1 no estado, o deputado federal Gustavo Gayer (PL), que preferiu permanecer atuando em Brasília.

Fred foi deputado estadual, mas teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por ausência de prestação de contas de campanha no prazo estipulado.

"Acredito que, aqui, a maioria dos votos do governador Ronaldo Caiado vão se converter para gente", disse Fred, sobre o cenário de um possível segundo turno contra o PT.

A menção é à deputada federal Adriana Accorsi (PT), que aparece bem posicionada para conseguir uma vaga no segundo turno, apesar de Goiânia ter registrado 64% dos votos válidos para Bolsonaro em 2022 na disputa com Lula (PT) —o petista marcou 36%.

Accorsi fez menção à ligação com Lula em sua campanha, mas de maneira bastante discreta. Quando questionada, responde que isso ocorre porque será ela quem vai mandar na prefeitura, caso eleita, não o padrinho.

E que o eleitor está preocupado com os reais problemas da cidade. "É nisso que a população está interessada, e não em questões ideológicas", diz. Caso vá para o segundo turno, a força da direita na cidade torna difícil para ela a tarefa de ser eleita.

Pesquisa Quaest divulgada neste sábado mostrou Mabel, Adriana e Fred tecnicamente empatados na liderança, o três com chance de irem ao segundo turno.

Um terceiro candidato de direita que, pelo menos no início da disputa, aparecia entre os primeiros lugares é o senador Vanderlan Cardoso (PSD). Ele disputou a prefeitura em 2020 e perdeu para o falecido Maguito mesmo com o concorrente estando internado devido à Covid-19.

As intenções de voto em Vanderlan murcharam no decorrer da corrida após a intensificação das propagandas ligando Caiado a Mabel e Bolsonaro a Fred.

"Todas as pesquisas internas dizem que temos uma grande chance de estar no segundo turno", rebate o senador.

Há ainda dois outros candidatos, com chances baixas segundo as pesquisas. O jornalista Matheus Ribeiro (PSDB) e o professor Reinaldo Pantaleão, do nanico UP.


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