Justiça decreta prisão de segundo suspeito de ataque a assentamento do MST em SP
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Justiça de São Paulo acatou neste domingo (12) o pedido de prisão temporária de um segundo suspeito envolvido no ataque a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) em Tremembé, São Paulo.
A ação deixou dois mortos e seis feridos, um deles em estado grave.
Valdir do Nascimento e Gleison Barbosa, mortos no ataque, foram sepultados neste domingo. Os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos) estiveram no velório.
O pedido de prisão foi feito pela Polícia Civil de São Paulo, que investiga o caso, e tenta encontrar o segundo suspeito, que não teve o nome revelado.
No sábado, a polícia prendeu temporariamente um homem conhecido como Nero do Piseiro. Ele é apontado pela investigação como mentor intelectual do crime. A motivação, segundo a Polícia Civil, teria sido um desentendimento sobre a negociação de um terreno na área do assentamento.
Já o ministro do Desenvolvimento Agrário disse que o ataque foi motivado por uma disputa de lote.
"[Os atiradores] quiseram subtrair um lote, eles [os assentados] foram defender o lote. Isso aconteceu às cinco da tarde. Às oito da noite, chegou esse grupo de vândalos e atirou, levando à morte já dois desses assentados", disse Teixeira em entrevista em Tremembé.
Segundo a Polícia Civil, Nero do Piseiro foi reconhecido por testemunhas que viram os autores do ataque chegando ao local. Ele ficará detido por pelo menos 30 dias. A defesa não foi localizada para se pronunciar.
O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Um terceiro homem chegou a ser preso pela Polícia Militar de São Paulo por porte ilegal de arma de fogo, mas a ligação dele com o crime foi descartada -ele teria ido ao local para prestar socorro às vítimas.
Coordenador do MST, Gilmar Mauro falou que a região alvo do ataque é uma área de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas.
"Portanto, se tornaram motivo da sanha do capital imobiliário local. Primeiro, invadindo áreas de reservas florestais e depois lotes dentro dos assentamentos com o objetivo de transformar esses em áreas de condomínios, de especulação imobiliária", afirmou.
Além de um integrante do MST que está internado em estado grave, outros quatro dos feridos passaram por cirurgia e não apresentam risco de morte. Um dos encaminhados ao hospital recebeu alta ainda no sábado.
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