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Kassab está nos dois lados e isso vai custar caro para ele, diz Valdemar

Por Folha de São Paulo

29/09/2024 13h15 — em
Política



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Na reta final das eleições municipais, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto (SP), expôs uma rivalidade com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab (SP), trazendo à tona essa disputa dentro da base do Governo de São Paulo e na aliança pela reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Valdemar afirmou na sexta-feira (27) que a bancada do PL de São Paulo está ressentida com Kassab por ter cedido ao PSD a vice da chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Palácio dos Bandeirantes, em 2022, sem compensação. Hoje homem forte do governo paulista, Kassab não retribuiu à altura, segundo a queixa do partido de Jair Bolsonaro.

O presidente do PL diz ainda que Kassab investe até mesmo sobre prefeitos de cidades com 4.000 eleitores na tentativa de exibir força política com vistas ao Governo de São Paulo.

"Kassab quer mostrar poder. Ele sonha ser vice do Tarcísio [em 2026] para ser governador por seis meses [caso reeleito, Tarcísio se afastaria do governo para disputar a Presidência em 2030]. Acho difícil Kassab atingir esse projeto. Nós somos contra", disse Valdemar.

O presidente do PL disse que sua bancada estadual, composta por 19 deputados federais, ficou chateada com Kassab e, por isso, "o pessoal quer dar o troco".

Valdemar admite que o PSD poderá eleger o maior número de prefeitos nas próximas eleições. Ao analisar essa correlação de forças, ele lembra que o PSD ocupa três ministérios do governo Lula (PT) e Kassab está à frente da Secretaria de Governo de São Paulo --sendo responsável pela relação do Palácio dos Bandeirantes com prefeitos e deputados, além de controlar a verba de emendas e convênios.

Hoje na presidência do Senado, o PSD também governa o Paraná e Sergipe.

"Kassab está nos dois lados. Está na esquerda e na direita. Mas isso tem um preço e vai custar caro para ele", criticou Valdemar.

Segundo Valdemar, o líder do PSD na Câmara e postulante à presidência da Casa, Antonio Brito (BA), já está pagando um preço pelo avanço do partido. O ex-presidente Jair Bolsonaro oferece resistência ao nome de Brito pelo fato de Kassab não ter apoiado sua candidatura à reeleição, em 2022, optando pela neutralidade.

"O Brito é um baita cara. Mas o pessoal implica por causa do Kassab", diz Valdemar.

Procurado, Kassab ressaltou a importância de moderação para que o radicalismo não prevaleça no cenário político brasileiro. "É compreensível que os radicais, da esquerda e da direita, não entendam o papel do centro. Por isso, radicais", reagiu Kassab, acrescentando que "essa intolerância não encontra reciprocidade no PSD".

Dizendo-se amigo de Valdemar, Kassab afirma ainda que o PL foi, sim, recompensado na montagem da chapa em torno do nome de Tarcísio. Ele lembra que, pelo acordo selado com Valdemar e o Republicanos, coube ao PL a bem-sucedida candidatura do astronauta Marcos Pontes ao Senado.

Kassab defendeu a costura de alianças políticas. Sobre sua investida sobre prefeitos de pequenas cidades, Kassab disse que o PSD busca se estabelecer em todo território nacional. Afirmou que, além do número de prefeitos eleitos, a quantidade de votos obtidos no primeiro turno é importante para mensurar o tamanho dos partidos.

Levantamento feito pela Folha mostra que o PSD é o partido com maior número de prefeitos no Brasil. Tem ao menos 1.040 prefeitos, um crescimento de 58% em relação ao resultado das eleições de 2020. Foi em São Paulo que o partido deu seu maior salto.

Multiplicou por sete o número de prefeitos, saindo de 64 eleitos em 2020 para 306 entre 645 cidades. Essa ampliação deflagrou uma reação de partidos que hoje disputam espaço ao centro.

Valdemar não é o único incomodado. O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), atribuiu a Kassab a sua desistência de concorrer à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados.

"Considerando que o Gilberto inviabilizou a minha candidatura, eu decidi ir por esse caminho", afirmou, em entrevista à Folha.


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