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Pedro Paulo ganha apoio da esposa e segue favorito à vice de Paes apesar de vídeo íntimo

Por Folha de São Paulo

25/07/2024 12h00 — em
Política



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Integrantes do PSD acreditam que a desistência do deputado federal Pedro Paulo (PSD) de não ocupar a vaga de vice na chapa do prefeito Eduardo Paes (PSD) é temporária e foi, na verdade, uma estratégia. Paes lidera as pesquisas na disputa deste ano pela reeleição ao cargo.

Na segunda-feira (22), Pedro Paulo, em reunião com Paes, declinou da proposta de ser o candidato a vice. Segundo pessoas próximas ao prefeito, ele disse a Paes que tem medo de prejudicar a família e a campanha com um vídeo íntimo que poderia ser usado pela oposição.

A decisão de Pedro Paulo adiou a escolha do PSD, que pretende deixar a divulgação do nome do vice para o início de agosto. Mesmo após a conversa, o deputado federal segue como nome preferido de Paes.

Paes, caso seja reeleito, tem planos de deixar o cargo para concorrer ao governo estadual em 2026, deixando a prefeitura para o vice, por isso insiste em uma chapa "puro sangue", com um vice do PSD.

O deputado estadual Eduardo Cavaliere (PSD) e o vereador Carlo Caiado (PSD) são outros postulantes à vaga.

Nesta quarta-feira, a esposa de Pedro Paulo, a atriz Tati Infante, defendeu que o deputado volte atrás e aceite ser o vice de Paes na campanha.

"Acho uma besteira ele desistir de ser vice por conta de um episódio que aconteceu em 2020, período que estávamos separados, numa crise. Ele caiu numa armadilha, numa armação", afirmou, em vídeo publicado no Instagram.

No partido e no entorno de Paes circula a versão de que a desistência foi um recuo temporário.

Eles afirmam que Pedro Paulo se antecipou à crise, deixando correr a sua versão da história do vídeo antes que a oposição pudesse usar durante a campanha, divulgando uma versão na qual ele não poderia controlar.

Essas mesmas alas do partido também argumentam que a volta de Pedro Paulo, após a desistência, poderia cacifar Paes como um político que não deixou o aliado para trás em um momento de dificuldade.

Aliados do PT e PDT, que nos últimos meses tentaram indicar um vice, não voltaram à carga nos últimos dias, pois ainda creem no retorno de Pedro Paulo.

A trama que culminou com o pedido de Pedro Paulo envolveu vídeo íntimo, acusação de chantagem e processo por ameaça.

Michelle Shimeni da Silva teria sido a responsável por gravar uma chamada de vídeo íntima com Pedro Paulo em 2020. Eles se conheceram naquele ano, durante a campanha de Paes, em um evento na Barra da Tijuca. A história foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha de S.Paulo.

Michelle, dona de um perfil com mais de 100 mil seguidores no Instagram, foi levada ao evento pelo produtor cultural Allan Julio de Oliveira, conhecido como Allan Azambujath, responsável por uma revista digital sobre celebridades na internet e voluntário da campanha de Paes de 2020 na região de Jacarepaguá, zona oeste do Rio.

Allan relata à Folha de S.Paulo que Michelle e Pedro Paulo se envolveram e depois se afastaram. Insatisfeita com o afastamento, a mulher teria procurado o produtor. Afirmou que Pedro Paulo lhe prometera um cargo, repassou o vídeo a Allan e disse que estava disposta a divulgá-lo caso a promessa do deputado não fosse cumprida. "Quando ela viu que ele não estava mais atendendo, começaram as chantagens", afirma Allan.

Allan intermediou um encontro entre Michelle e Marli Peçanha em 2020. Na reunião, segundo ele, houve um acordo para o vídeo não ser divulgado. A contrapartida seria a nomeação em cargos públicos.

"Procurei a Marli, conversei com ela a respeito do vídeo porque tinha medo de que a divulgação, por parte da Michelle, prejudicasse meu trabalho", diz o produtor.

Em 2021, Michelle prestou serviços em uma vila olímpica, cuja gestão é feita por organizações terceirizadas. Allan passou a trabalhar na Emop (Empresa de Obras Públicas), do governo do estado. Ele afirma ter conseguido o trabalho de carteira assinada através de Marli, mas foi demitido ainda em 2021.

Em 2022, o produtor cultural foi à delegacia e registrou queixa por ameaça contra Marli Peçanha. Segundo ele, a secretária recebera recados de que o vídeo não tinha sido apagado e dissera que, em caso de vazamento, "daria dois tiros na cabeça" dele. O caso foi registrado na 6ª DP (Cidade Nova).

No mesmo ano, um processo por ameaça, fruto do registro de ocorrência, tramitou no 3° Juizado Especial Criminal. O processo foi arquivado em abril deste ano após Marli fazer um acordo e pagar R$ 500.

"Depois que essa mulher fez tudo isso com Pedro Paulo e Marli Peçanha, não tive mais estrutura para trabalhar. Estou em tratamento psiquiátrico", diz Allan.

A existência do vídeo voltou a circular este ano e chegou à pré-campanha. Integrantes do PSD e alguns aliados já sabiam da história, mas ficaram surpresos com a desistência de Pedro Paulo.


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