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PF faz buscas contra assessores dos deputados bolsonaristas Jordy e Sóstenes

Por Folha de São Paulo

19/12/2024 18h00 — em
Política



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A PF (Polícia Federal) fez buscas nesta quinta-feira (19) em endereços ligados aos assessores dos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

A investigação aponta desvio de cotas parlamentares a partir de contratação irregular com empresa de locação de veículos. Os policiais cumpriram seis mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Rio de Janeiro e Tocantins.

A operação foi batizada de Rent a Car, em referência aos elementos centrais das investigações e às práticas ilícitas identificadas. O caso tramita em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal) sob relatoria do ministro Flávio Dino.

Segundo as investigações, os suspeitos realizavam a prática de "smurfing", que consiste em dividir um dinheiro ilícito em outros depósitos para despistar os órgãos de fiscalização.

Os dois são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sóstenes é uma das lideranças da bancada evangélica no Congresso.

Procurado pela reportagem, ele afirmou que tomou conhecimento da operação pelas reportagens, mas disse ser cuidadoso quanto ao uso da cota. Segundo Sóstenes, ele e Jordy possuem contrato com mesma empresa de locação de veículos.

Em discurso no Salão Verde da Câmara, Sóstenes afirmou que não cometeu nenhum desvio de cota parlamentar, nem ilicitudes no aluguel dos carros.

"Faço questão de colocar nota por nota de abastecimento. Eu não faço nada de errado com cota parlamentar", disse. "Acho muito estranho que isso justamente venha num momento em que todos já sabem que tenho as assinaturas suficientes para ser o líder do maior partido da Câmara dos deputados, o PL. Quero acreditar que esse tipo de investigação não seja nenhum tipo de perseguição política."

"Podem revirar minha vida do jeito que quiser, que eu não vou recuar das minhas convicções políticas", afirmou.

O deputado ainda usou o espaço para defender pautas de interesse, como anistia aos condenados do 8 de janeiro e destacou que sua liderança à frente do PL será de "intensa fiscalização" dos gastos do governo Lula (PT).

A reportagem procurou Jordy mas não obteve resposta. O deputado falou sobre o caso no plenário da Câmara dos Deputados na manhã desta quinta. Ele chamou a investigação da Polícia Federal de "pesca probatória" contra parlamentares da oposição.

Em sua fala, ainda referiu-se à Polícia Federal como "Gestapo" e disse não ter recebido nenhum de seus bens apreendidos em ações anteriores de busca e apreensão feitas pela PF.

"Até hoje não me devolveram nada, para que eu possa ficar embaixo do braço deles, pra que eu possa inclusive disputar uma eleição para prefeito, como eu fiz, e ser colocado como indiciado, investigado do 8 de janeiro e eu não tive participação alguma com aquele episódio", disse.

"A irresponsabilidade do STF, desse governo e da Polícia Federal, que se tornou a Gestapo desse consórcio, faz com que eu, assim como outros deputados aqui, sejam perseguidos de forma implacável e fiquemos com a imprensa nos batendo como se fôssemos radicais."


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