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PT sofre derrotas em cidades-chave do interior e do litoral de SP

Por Folha de São Paulo

06/10/2024 22h30 — em
Política



RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - As eleições municipais de 2024 foram marcadas por uma série de reveses do PT em importantes cidades do interior e do litoral. A sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teve uma base consolidada em várias regiões do estado, mas sofreu derrotas significativas neste domingo (6), em especial para partidos à direita do espectro político.

Expectativas de vitórias em Araraquara e São Carlos, de ida ao segundo turno, como em Campinas, e de ter um bom desempenho nas urnas, como previsto em Ribeirão Preto, mostraram-se frustradas pelos resultados das urnas.

O PT chegou a ter uma fortaleza nas regiões norte e nordeste de São Paulo no início dos anos 2000, quando venceu a eleição em 15 cidades, entre elas Ribeirão Preto, Franca, São Carlos e Araraquara, as quatro mais populosas da região.

A "onda vermelha", como ficou conhecida a vitória petista à época, ocorreu em parte pela liderança de Antonio Palocci Filho, eleito duas vezes para governar Ribeirão (1993-1996 e 2001-2002) e que renunciou antes de completar o segundo ano de mandato para se tornar ministro da Fazenda no primeiro governo Lula. Depois disso, o PT não conseguiu mais chegar ao segundo turno na cidade.

Nas eleições seguintes, a participação petista entre os prefeitos eleitos na região e no estado foi sendo reduzida gradualmente, até que na última, em 2020, o partido elegeu somente quatro governantes em todo o estado —Araraquara, Matão, Diadema e Mauá (as duas últimas na Grande São Paulo).

O baque maior nas projeções petistas neste domingo ocorreu justamente na primeira dessas quatro, na região central do estado. O partido tinha expectativa de vencer em Araraquara, cidade em que a ex-secretária da Saúde Eliana Honain era apontada como favorita nas pesquisas eleitorais, mas foi derrotada nas urnas por Luis Claudio Lapena Barreto, o Dr. Lapena, do bolsonarista PL.

A campanha de Eliana até escalou nomes como o do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), para atos em Araraquara nos dez dias que antecederam a eleição, mas isso foi insuficiente para evitar a derrota. O partido tentava vencer pela quinta vez nas últimas sete eleições.

O atual prefeito, Edinho Silva (PT), no cargo desde 2017 e que foi o principal cabo eleitoral de sua ex-secretária da Saúde, disse num ato com filiados na noite deste domingo que a campanha orgulhou a todos e que é preciso entender que às vezes a derrota eleitoral não é derrota política, e que Eliana se transformou numa grande liderança na cidade.

Já a candidata petista disse que estava triste, mas que não vai desistir de lutar pelo que acredita. "Temos de respeitar as urnas. A população escolheu, já parabenizei o Lapena pela vitória", disse ela.

Ela obteve mais de 50 mil votos neste domingo, o que equivale a 45,16% dos válidos, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas Lapena recebeu mais de 55 mil votos dos araraquarenses (49,18% dos válidos) e assumirá a Prefeitura de Araraquara em 2025 —a cidade não tem segundo turno.

O PT venceu novamente em Matão, com Aparecido Ferrari (63,94% dos votos válidos), mas isso não evitou o baque da derrota em São Carlos (a 232 km de São Paulo). O candidato apoiado pelo bolsonarismo, Netto Donato (PP), desbancou o petista Newton Lima, que tentava voltar à prefeitura para um terceiro mandato depois de liderar a cidade de 2001 a 2008.

Com apoio expresso de nomes como o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, da senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o advogado foi eleito com 53,54% dos votos, ante os 39,85% de Lima.

Em Campinas, o médico Pedro Tourinho (PT) ficou em segundo lugar, com 23,18% dos votos válidos. Mas o seu principal adversário, o atual prefeito, Dário Saadi (Republicanos), também médico, obteve quase o triplo ainda no primeiro turno, 66,77% dos votos, e seguirá à frente da prefeitura da cidade por mais um mandato.

Já em Ribeirão Preto, onde haverá segundo turno, o candidato do PT não conseguiu chegar perto dos dois que avançaram à fase final da eleição: Jorge Roque obteve 15,29% dos votos, mas o próximo prefeito sairá da disputa entre o deputado federal Ricardo Silva (PSD) e o empresário Marco Aurélio Martins (Novo).

O mesmo ocorreu em Franca (a 400 km de São Paulo) —cidade com forte classe operária atuando na indústria calçadista e governada oito anos pelo PT (2001-2008)—, onde o atual prefeito, Alexandre Ferreira (MDB), disputará o segundo turno contra João Rocha (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que inclusive foi à cidade participar de um ato de campanha.

Enquanto Alexandre obteve 47,17% dos votos e Rocha alcançou 28,59%, a candidata petista, Mariana Negri, foi a quarta colocada, com 5,02%.

Em São José dos Campos, a candidatura petista teve desempenho semelhante, também ficando na quarta posição, embora com percentual maior. O engenheiro Wagner Balieiro teve 11,67% dos votos, atrás dos dois primeiros colocados, Anderson Farias (PSD) e de Eduardo Cury (PL) —que disputarão o segundo turno—, e do médico Dr. Elton (União Brasil), terceiro mais bem votado.

No litoral, a ex-prefeita de Santos Telma de Souza (PT) teve apenas 13,4% dos votos válidos neste domingo. Ficou, assim, em terceiro lugar, e o segundo turno na principal cidade da Baixada Santista será disputado pelo atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), e pela deputada federal Rosana Valle (PL), que tiveram 43,29% e 42,65% dos votos válidos, respectivamente.


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