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Reta final da eleição de BH tem Zema e Lula ausentes e racha na esquerda por voto útil

Por Folha de São Paulo

28/09/2024 9h45 — em
Política



BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Faltando uma semana para a população ir às urnas, a eleição à Prefeitura de Belo Horizonte é marcada pela ausência do governador Romeu Zema (Novo) e do presidente Lula (PT) na campanha e por uma disputa pelo voto útil entre os partidos de esquerda.

Candidato apoiado por Zema, o apresentador de TV e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), líder nas pesquisas eleitorais, tem sido acompanhado em suas agendas pelo ex-prefeito Alexandre Kalil (Republicanos), que foi derrotado pelo governador nas eleições de 2022.

Kalil e Zema, acostumados a serem rivais, foram vistos juntos apenas uma vez, na convenção que confirmou a candidatura do apresentador de TV, em agosto.

Na última terça-feira (24), quando Tramonte, acompanhado do ex-prefeito em uma agenda, foi questionado pela rádio Itatiaia sobre a ausência de Zema nos compromissos de campanha, o candidato começou a responder que dependia da agenda do governador, mas foi interrompido por Kalil, que encerrou a entrevista.

Em conversa com jornalistas da TV Bandeirantes, o governador disse que gravou materiais para a campanha de Tramonte, mas que ele "não precisa de padrinhos".

Apesar da distância na eleição da capital mineira, Zema tem gravado vídeos ao lado de candidatos apoiados por ele no interior de Minas e também em outros estados. É o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, onde o governador tem presença marcada no comício de Felipe Camozzato (Novo), postulante à Prefeitura de Porto Alegre, nesta segunda-feira (30).

Outro padrinho ausente na eleição da capital mineira é Lula, que oficialmente apoia o nome do seu partido na disputa, o deputado federal Rogério Correia (PT). Apesar de estar presente na propaganda em rádio e TV pedindo voto ao petista, o presidente não deve visitar BH para um comício, algo esperado por Correia para alavancar seu desempenho nas pesquisas.

No último levantamento do Datafolha, publicado no dia 19 deste mês, Correia tinha 6% das intenções de voto, empatado tecnicamente com a deputada federal Duda Salabert (PDT), que foi citada por 9% dos entrevistados.

De acordo com a pesquisa, Tramonte lidera a corrida eleitoral, com 28% das intenções de voto. Em segundo lugar aparecem empatados com 18% o atual prefeito Fuad Noman (PSD) e o deputado estadual Bruno Engler (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) --padrinho que marcou presença em BH durante a campanha.

O desempenho nas pesquisas levou partidos de coligações da esquerda e do centro a embarcarem oficialmente na campanha de Fuad. É o caso do PV, legenda que faz federação com o PT e que anunciou formalmente na quinta-feira (26) o apoio à candidatura do prefeito.

Antes informal, o movimento declarado de voto para o candidato do PSD levou em conta a probabilidade de a prefeitura da capital mineira ser disputada por duas candidaturas de direita, diz a deputada estadual Lohanna França (PV), uma das líderes do partido.

"Não podemos ficar omissos em relação a esse risco. Precisamos atuar para garantir que na Prefeitura de BH teremos alguém com que seja possível um diálogo com as pautas progressistas, mesmo que não seja do nosso campo", afirma a deputada, que ressaltou respeitar as candidaturas de Salabert e Correia.

Fuad, considerado de centro, apoiou a candidatura de Lula nas eleições presidenciais de 2022 e tem como um dos principais apoiadores o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), próximo do mandatário.

Em evento, Fuad disse que nunca foi de esquerda. "Sempre digo que meu partido é Belo Horizonte, mas minha afinidade com o presidente Lula tem sido importante para ajudar a cidade", afirmou.

Também embarcaram na campanha do atual prefeito uma ala da Rede, que oficialmente está na coligação de Correia, e os candidatos a vereador do PSB, legenda que está na chapa do presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB).

O candidato do PT caracterizou o anúncio do apoio formal do PV de factoide.

"O PV, desde o início, não está na minha campanha, está na do atual prefeito, aliás, não quis largar os cargos lá. Não há novidade nessa questão, assim como setores da Rede também. O que existe agora é um factoide, porque há um desespero na campanha do prefeito, há uma queda dele nas pesquisas", disse Correia.

Já o presidente da Câmara Municipal reagiu à foto do prefeito com os candidatos a vereador do PSB afirmando que "falta o Fuad Noman posar para a foto ao lado dos empresários de ônibus que deram dinheiro para a sua campanha".


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