Sidônio tenta se descolar de desgaste, e Lula se diz no rumo certo apesar de crise de popularidade
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência, Sidônio Palmeira, disse nesta quinta-feira (3) que a queda de popularidade do governo Lula (PT) não se deve apenas a problemas de comunicação. Pouco antes, Lula afirmou que o país está no rumo certo e que se deparou com uma "terra arrasada" ao retornar ao Palácio do Planalto em 2023.

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"Não tem nada de eu me isentar de popularidade. Eu acho que impopularidade tem responsabilidade de todos os ministros, todas as áreas, área política, gestão, comunicação, todo mundo. E isso não tem absolutamente nenhum problema", disse Sidônio.
A fala do chefe da Secom ocorreu após o evento "Brasil Dando a Volta por Cima", organizado pelo governo para divulgar as realizações da gestão petista e fazer uma comparação com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Único a discursar no evento, Lula reforçou um dos motes da nova fase de seu governo. "Sabemos também da extraordinária capacidade de trabalho do povo brasileiro. O Brasil está no rumo certo, gerando renda e oportunidades para quem quer mudar de vida. Esse é o Brasil que estamos construindo, o Brasil dos brasileiros", disse em reforço a um dos motes dessa nova fase da gestão.
Na véspera, como mostrou a Folha de S.Paulo, integrantes do Executivo e parlamentares avaliaram que as mudanças na comunicação e a entrega de programas que eram apostas do governo para reverter o quadro na popularidade do presidente não surtiram efeito até agora e o gestão petista tem dificuldade de traçar uma estratégia para mudar esse cenário.
O ato desta quinta, organizado num auditório em Brasília, fora do Palácio do Planalto, teve ares de campanha. Vídeos sobre as ações do governo foram intercalados com falas de duas apresentadoras e entrevistas com três brasileiros beneficiados por programas sociais, como Fies e Farmácia Popular.
Questionado sobre o tom de campanha do evento, Sidônio desviou e disse que a cerimônia teve o papel de informar a população e não reverter nenhum cenário de popularidade.
"Acho que é uma leitura errada. Porque o principal objetivo do evento é divulgar as ações", declarou. "Se tem alguma coisa de errado nisso, de campanha... Eu como ministro não penso nisso, penso é no governo."
"Esse evento não tem nada a ver com popularidade do presidente, é uma prestação de contas do governo federal. O papel nosso e meu como ministro da Secom é demonstrar e mostrar quais são as ações do governo, informar o que esse governo fez", disse.
Lula fez comparações com o governo Bolsonaro, sem citar o antecessor.
"A sensação que tive [ao voltar] foi a de uma pessoa que volta para casa depois de muito tempo e, ao invés da casa, só encontra ruínas. A mesma sensação de um trabalhador rural que volta ao campo para plantar e só encontra terra arrasada. Depois de dois anos de trabalho, organizamos a casa", declarou.
Pelo menos oito câmeras gravaram o evento e a fala do presidente, que também reagiu ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que o Brasil "respeita todos os países, do mais pobre ao mais rico, mas que exige reciprocidade" e que tomará "todas as medidas cabíveis".
O evento ocorreu em meio à queda de popularidade do presidente, que despencou desde a virada do ano e ainda não teve a recuperação esperada pelo PT e pelo governo.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira (2) mostrou que a avaliação negativa do governo aumentou de 37% em janeiro para 41% agora. As opiniões positivas recuaram de 31% para 27%. Outros 29% veem a administração como regular, e 3% disseram que não sabem ou não quiseram responder.
Diante de críticas à dificuldade de recuperação da popularidade, Sidônio declarou ainda à imprensa que "está" ministro para demonstrar as ações do governo e informar à população como utilizar os programas governamentais. "Se todo mundo tiver bem informado, eu acho que eu estou cumprindo meu trabalho", disse.
No evento, foram distribuídas cartilhas com o novo mote na capa, apresentando as ações da gestão divididas por áreas, como economia, saúde, segurança pública, educação e infraestrutura.
O panfleto seguia um design minimalista, diferente dos demais encartes do governo oferecidos em eventos dessa natureza.
Nele, estavam elencados aqueles considerados os principais programas e feitos da gestão, como o envio do projeto de isenção do Imposto de Renda ao Congresso para quem ganha até R$ 5.000, a queda nos índices de desemprego, a ampliação da gratuidade do programa Farmácia Popular, os resultados do Pé-de-Meia e o PAC (Programa de Aceleração e Crescimento) Seleções.
Todo o evento foi gravado por pelo menos oito câmeras, incluindo uma grua que fazia tomadas aéreas da reação da plateia, dos ministros e do próprio presidente. Houve falhas nas transmissões.
A cerimônia também teve a participação da primeira-dama, Janja, e de quase todos os ministros de Estado, como Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Margareth Menezes (Cultura), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Anielle Franco (Igualdade Racial), Cida Gonçalves (Mulheres), além de parlamentares, autoridades e integrantes da sociedade civil.

ASSUNTOS: Política