Venda de ações pode ser opção à privatização da Cedae
O governador eleito Wilson Witzel disse ontem que estudará a possibilidade de abrir o capital da Cedae à iniciativa privada, mas deixando o controle acionário com o governo do estado. A medida, afirmou, poderia ser uma alternativa à privatização da companhia, que, prevista no Regime de Recuperação Fiscal, garantiria a entrada de R$ 3,5 bilhões nos cofres públicos. Um plano semelhante chegou a ser estudado em 2012, durante a administração do ex-governador Sérgio Cabral. A chamada Oferta Inicial de Ações (IPO, em inglês), no entanto, acabou não sendo levada adiante porque, na avaliação da equipe que a preparava, a situação do mercado na época era desfavorável.
Quando o Rio ingressou no Regime de Recuperação Fiscal, a Cedae foi oferecida como garantia para que o estado captasse um empréstimo de R$ 2,9 bilhões no fim de 2017. O dinheiro permitiu que os salários do funcionalismo fossem colocados em dia. O Palácio Guanabara contratou o BNDES para fazer a modelagem de um edital com as regras para a privatização. Pelo acordo firmado com a União, a venda da empresa está prevista para 2020.
— O modelo () ainda se encontra em estudos. Podemos promover uma abertura de capital com lançamento de ações no mercado. O controle permaneceria com o estado. Essa é uma das teorias que defendo — disse Witzel em entrevista na Globonews.
Em 2012, o mercado estimava que uma oferta de ações da Cedae poderia gerar R$ 3 bilhões de receita para o estado. Presidente da companhia na época, o secretário estadual de Educação,Wagner Victer, preferiu não confirmar essa informação em respeito a regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já que o processo não chegou a ser tornar público. Ele observou que, para sua retomada, serão necessários novos estudos, bem como uma sondagem (inclusive no mercado internacional) de investidores para verificar se o estado conseguiria um bom preço pelas ações. Esse processo, na estimativa de Victer, pode durar dez meses.
— A ideia de vender ações é excelente. Hoje, a Cedae é uma companhia lucrativa. Mas vários fatores têm que ser levados em conta, como as avaliações de crédito pelas agências de risco (). Na época, a IPO não foi adiante porque a conjuntura não era favorável, devido a operações semelhantes feitas por empresas do grupo de Eike Batista — afirmou Victer.
Na entrevista para a Globonews, Wilson Witzel também disse que pretende reavaliar uma proposta que, durante a campanha eleitoral, prometeu apresentar ao futuro presidente Jair Bolsonaro. Ele havia levantado a possibilidade de renegociar a dívida do estado em até cem anos. Ontem, argumentou que pode mudar de ideia porque, em reunião com o governador Luiz Fernando Pezão,foi informado que a situação fiscal do Rio está melhorando:
— Por isso que, no domingo (), fui à missa na Igreja de São Judas Tadeu, padroeiro das causas impossíveis (). Mas, brincadeiras à parte, a gente sabe que outros estados, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, estão com problemas fiscais. Há, no momento, um acordo fechado, e temos que cumprir as medidas. Pelo que o governador Pezão falou, dá para fazer isso até com uma certa folga. Depois, vou discutir o alongamento da dívida.
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