A saúde mental dos trabalhadores tem ganhado destaque nas discussões sobre bem-estar no ambiente de trabalho, que antes priorizavam a segurança física. Com o crescimento de 38% nos afastamentos por transtornos mentais entre 2022 e 2023, segundo dados da Previdência Social, o tema se torna urgente. Em 2023, o INSS concedeu 288,9 mil benefícios por incapacidade mental, contra 209,1 mil em 2022. 

O burnout, desencadeado por fatores como excesso de demandas, conflitos com lideranças e falta de autonomia, é uma preocupação crescente, segundo pesquisa da Mercer Marsh Benefícios, que entrevistou 208 empresas. Em novembro, o Ministério da Saúde incluiu transtornos como burnout e depressão na lista de doenças ocupacionais. Além disso, a lei 14.831, sancionada em março de 2023, criou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. No entanto, o programa ainda aguarda a formação de uma comissão para definir suas regras e implementação.

Especialistas como Ana Carolina Rangel e Helder Valério destacam que, embora não obrigatório, o certificado incentiva empresas a investirem em saúde mental de forma preventiva, especialmente em um cenário onde o burnout será reconhecido oficialmente como doença ocupacional em 2025. Problemas como assédio e condições precárias de trabalho têm contribuído para o aumento dos casos de afastamento. 

O Brasil é o segundo país com mais casos de Síndrome de Burnout, segundo a International Stress Management Association. Esse cenário é agravado pelo uso de tecnologias que mantém os trabalhadores conectados fora do horário de expediente, aumentando a sensação de vigilância e o estresse contínuo, como alerta o professor Vitor Carvalho.

A OMS e a OIT recomendam práticas de saúde mental no trabalho, como programas preventivos e mudanças no ambiente, para reduzir o impacto do absenteísmo nas empresas. Valério ressalta que a capacitação de líderes para criar ambientes psicologicamente seguros é essencial. A advogada Priscila Arraes Reino reforça a importância de encarar a saúde mental como uma prioridade para a sustentabilidade das empresas.

Para melhorar a saúde mental dos trabalhadores, especialistas recomendam que as empresas promovam ambientes inclusivos e respeitosos, gerenciem estressores, monitorem a carga de trabalho e ofereçam acesso a cuidados de saúde mental.