Anvisa aprova medicamento para tipo de câncer de pulmão em estágio inicial
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou nesta segunda-feira (25) a aprovação do medicamento Alecensa, composto pela molécula alectinibe, para o tratamento de câncer de pulmão em estágios iniciais. O remédio já era utilizado em casos avançados da doença, mas agora tem uma nova indicação.
Um estudo publicado em abril no The New England Journal of Medicine revelou que o Alecensa reduz o risco de recorrência ou morte em 76% dos pacientes com câncer de pulmão não pequenas células ALK-positivo em fase inicial. A pesquisa, conduzida em 27 países com 257 pacientes, comparou a eficácia do alectinibe com a quimioterapia padrão baseada em platina. Após três anos de tratamento, cerca de 90% dos pacientes estavam livres da doença.
De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pulmão é a quarta neoplasia mais comum no Brasil e a principal causa de mortalidade por câncer no país. Entre os casos diagnosticados, 85% são do tipo não pequenas células, e, destes, cerca de 5% apresentam a mutação do gene ALK. Essa alteração é mais frequente em pessoas jovens, com menos de 55 anos, que nunca fumaram ou possuem histórico leve de tabagismo.
Segundo Clarissa Baldotto, presidente do GBOT (Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica), quase metade dos pacientes com câncer de pulmão não pequenas células em estágio inicial apresentam recidiva, mesmo após cirurgia e quimioterapia. O alectinibe é o primeiro inibidor de ALK aprovado para esses pacientes, oferecendo uma alternativa mais eficaz para reduzir a recorrência e o desenvolvimento de metástases, especialmente no cérebro.
Michelle França, líder médica da Roche Farma Brasil, destacou que o Alecensa é a única terapia-alvo aprovada mundialmente para tratar câncer de pulmão não pequenas células ALK-positivo ressecado em estágio inicial. A nova indicação busca melhorar o prognóstico e reduzir as chances de metástase em uma população frequentemente jovem e gravemente impactada.
Ainda assim, um dos maiores desafios é o diagnóstico precoce. Dados do Radar do Câncer, do Instituto Oncoguia, mostram que 90% dos casos no Brasil são detectados em estágios avançados ou metastáticos, quando o tratamento é mais difícil e os desfechos são menos favoráveis. Especialistas defendem a implementação de políticas nacionais de rastreamento, semelhantes às usadas para câncer de mama, combinadas com estratégias antitabagismo para reduzir a mortalidade.
Embora o Alecensa já esteja aprovado em mais de 100 países para estágios avançados e agora também para casos iniciais, a Roche ainda não solicitou sua inclusão no SUS (Sistema Único de Saúde), mas afirmou que pretende fazê-lo no futuro, sem especificar prazos.
No início de novembro, a Anvisa também aprovou outro medicamento para o câncer de pulmão, voltado para o tipo de pequenas células em estágio avançado, conhecido por sua agressividade, apesar de ser menos comum.
Veja também
ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar