Poluição aumenta risco de câncer de mama, aponta estudo
Mulheres que moram e trabalham em ambientes com altos níveis de poluição atmosférica por partículas finas têm maior risco de desenvolver câncer de mama, quando comparadas com aquelas que vivem e trabalham em locais com melhor qualidade do ar.
A conclusão é do primeiro estudo que analisa o impacto da poluição residencial e no local de trabalho sobre o câncer de mama. O trabalho científico foi apresentado no Congresso Europeu de Oncologia Médica (ESMO), que terminou na última terça-feira (24), em Madri, na Espanha.
O estudo foi realizado pelo Departamento de Prevenção do Câncer e Meio Ambiente do León Bérard Comprehensive Cancer Centre, na cidade de Lyon, no sul da França, sob coordenação da médica Beatrice Fevers. Os pesquisadores compararam a exposição à poluição residencial e no local de trabalho de 2.419 mulheres com o diagnóstico de câncer de mama com 2.984 mulheres sem o histórico da doença entre 1990-2011.
Os resultados mostraram que o risco de câncer de mama foi 28% maior em locais que apresentavam níveis de 10 μg/m3 mais elevados de partículas finas. Essa diferença se assemelha à concentração de partículas (PM2,5) entre as áreas rurais e os centros urbanos. Mulheres expostas a partículas maiores apresentaram riscos menores à doença.
Segundo o médico oncologista da Oncologia D’Or, Gilberto Amorim, o risco ao câncer é maior em locais mais poluídos porque as micropartículas penetram profundamente nos pulmões, alcançam a corrente sanguínea e podem ser absorvidas por tecidos como os das mamas. Estudos prévios já haviam demonstrado mudanças na arquitetura da mama atribuíveis à poluição. “Ainda é preciso estudar se esses poluentes permitem que células do tecido mamário já predispostas a mutações carcinógenas se expandam promovendo o crescimento tumoral ou se causam um processo inflamatório crônico”, afirma o médico.
O especialista admite que até hoje os cientistas desconhecem o mecanismo que leva esses micro poluentes e micro partículas de plástico a provocar vários tipos de câncer. Com as crescentes evidências epidemiológicas e biológicas dessa ligação da exposição dessas nanopartículas como promotoras de câncer há fortes evidências clínicas para reduzir a poluição e, consequentemente, a incidência de câncer.
ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar