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Alunos ocupam prédio principal da Uerj, e protesto termina em agressão

Por Folha de São Paulo

21/08/2024 19h45 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Estudantes da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ocuparam o pavilhão João Lyra Filho, prédio principal do campus Maracanã -zona norte carioca- na noite desta terça-feira (20). O grupo também bloqueou os acessos ao espaço.

O grupo protesta contra cortes e mudanças nos programas de auxílio permanência da instituição desde o fim de julho, quando ocupou a reitoria.

A Uerj cancelou todas as atividades no campus ocupado. Em nota, a universidade diz que os alunos utilizaram seus corpos de maneira "ostensiva e agressiva" para entrar no prédio.

A ideia nova manifestação começou quando os estudantes surgiram numa sessão do conselho universitário.

Eles se puseram no plenário e tentaram impedir a saída dos funcionários. Três pessoas foram agredidas, sendo um conselheiro e um membro da equipe da reitoria, que registraram boletins de ocorrência, além de um graduando em pedagogia. Este, segundo o movimento estudantil, foi atacado por um professor.

A Uerj nega a informação, dizendo que a agressão, na verdade foi ao docente.

"É muito perigoso que cenas como essas continuem acontecendo na Uerj", dizem os coletivos que protestam na universidade, em nota conjunta. "A universidade tem como premissa a democracia, e os estudantes em vulnerabilidade precisam ser protegidos."

Na quinta-feira (15), uma manifestação já havia terminado em confusão entre alunos e seguranças a serviço da instituição, no campus Maracanã. Os manifestantes tentaram bloquear as entradas do campus, com bancos, cadeiras e mesas, e os guardas tentaram forçar a passagem.

Sobre os cortes e mudanças nos programas de auxílio aos estudantes, a Uerj alega enfrentar "dificuldade de obter os recursos necessários" ao funcionamento das bolsas que, segundo a instituição, "foram criadas de maneira emergencial no período da pandemia e que, no contexto atual de insuficiência orçamentária, precisam ser revistas de modo a não afetar os mais vulnerabilizados".

Havia uma bolsa-material de R$ 600 reais semestrais, para financiar livros e impressões, agora reduzida à metade. Um auxílio-alimentação de R$ 300 foi extinto para alunos dos campi com restaurante popular. E uma bolsa permanência de R$ 706, antes elegível a alunos com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, hoje vale apenas para os que vivem com até meio salário.

Com as reformas, estima-se que 1.400 alunos percam amparo da universidade.

Em entrevista à Folha de S.Paulo em 8 de agosto, a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, disse que se a medida for revogada, como pedem os estudantes acampados no campus, há risco de "perder tudo" por falta de recursos para custeio das bolsas.

"Quando assumi a reitoria, em janeiro deste ano, a situação já era difícil. Necessitava de uma engenharia financeira. Esticamos a distribuição até julho, mas o orçamento acabou", afirmou Silva.

As negociações entre reitoria e estudantes estão emperradas.

Uma equipe designada pela gestão da Uerj se reuniu com representantes do Diretório Central dos Estudantes e dos centros acadêmicos das unidades e apresentou uma proposta para encerrar a crise. Ela não inclui, porém, a revogação da reforma, o que pedem os manifestantes.

A universidade ressalta estar aberta ao diálogo, "ao contrário dos manifestantes que seguem irredutíveis na postura de não negociar, agindo de maneira antidemocrática", afirma.


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