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Após greve nas universidades, Lula anuncia investimentos na UFSCar

Por Folha de São Paulo

23/07/2024 15h45 — em
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BURI, SP (FOLHAPRESS) - Em meio à crise que afeta as universidades federais pelo país, o presidente Lula (PT) anunciou investimento de R$ 79,3 milhões para UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) nesta terça-feira (23) em evento na cidade de Buri (262 km da capital).

Deste montante, R$ 13 milhões deverão ser aplicados no campus Lago do Sino em obras de infraestruturas elétrica, biblioteca e auditório. Já o campus de São Carlos ficará com R$ 61,3 milhões. O restante será destinado para o campus em Sorocaba.

O dinheiro é oriundo do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O anúncio foi feito no campus da Lagoa do Sino em Buri, ao lado do escritor Raduan Nassar.

Lula deu início ao seu discurso, com voz rouca, fazendo uma reverência a Nassar. Foi o autor quem doou a fazenda de 643 hectares (quatro vezes a área do parque Ibirapuera, em São Paulo), em 2011, para o governo federal implantar esse campus da UFSCar.

"Graças a Deus, Raduan, Deus te pôs no mundo", afirmou o presidente, que na sequência trocou Araraquara por Piracicaba ao anunciar a presença do prefeito Edinho Silva (PT). Após aviso da plateia, fez a correção.

Na fala, também destacou sua trajetória pessoal. "Todo mundo sabe, eu não tenho diploma universitário, mas, quando era menino, tinha sonho de estudar. A pobreza era tão grande que não deu. A minha obsessão, então, é permitir que todas as pessoas deste país tenham o direito de estudar, de ter oportunidade", afirmou Lula.

Os ministros Camilo Santana (Educação) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) também acompanharam o presidente.

Em 2019, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o campus convivia com sérios problemas, como açudes esvaziados e material de pesquisa estragado.

"O presidente Lula está reconstruindo este país, e isso não foi diferente com a educação. Recriamos o PAC, inserimos pela primeira vez a educação no PAC", afirmou Santana. "Esse campus [Lagoa do Sino] vai ganhar melhor infraestrutura. Hoje tem cinco cursos, a nossa meta é de 11 cursos", prosseguiu o ministro da Educação.

O investimento na UFSCar, porém, destoa da realidade de outras instituições. Como a Folha de S.Paulo também mostrou, em junho, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), por exemplo, anunciou há 16 anos a construção do campus Quitaúna, em Osasco. Pelo cronograma inicial está atrasado há cinco anos.

Outro exemplo é o campus de Unaí da UFVJM (Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri), em Minas Gerais, que completou dez anos de existência em junho, mas sem todas as instalações prometidas na época de sua criação.

Em junho deste ano, durante a greve nas universidades, Santana já havia anunciado investimentos de R$ 5,5 bilhões para as instituições federais e e hospitais universitários.

O dinheiro deverá ser aplicado nas obras em andamento e na construção de dez novos campi. Os novos campi estarão em São Gabriel da Cachoeira (AM), Rurópolis (PA), Baturité (CE), Sertânia (PE), Estância (SE), Jequié (BA), Cidade Ocidental (GO), Ipatinga (MG), São José do Rio Preto (SP) e Caxias do Sul (RS).

COMPARAÇÃO COM GAZA

Ao listar os feitos de sua gestão e os possíveis investimentos em educação e saúde, Lula disse que os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) abandonaram essas áreas. O petista, em uma comparação, voltou a criticar a atuação de Israel.

"O que fizeram depois do impeachment da Dilma [Rousseff] é o que [Binyamin] Netanyahu está fazendo na Faixa de Gaza. Toda semana, essa semana morreu mais de 70 pessoas, na semana passada mais 90", disse Lula.

"Quem está morrendo? Soldado? Terroristas? Não. São mulheres e crianças vítimas dos ataques de um governo que já foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional, o mesmo que condenou o [Vladimir] Putin pela guerra na Ucrânia", completou.

Na sequência, Lula afirmou, mas sem citar o nome dos seus antecessores, que o desenvolvimento da educação não ocorreu. "Trocaram tudo isso pela fake news, pelo armamento. O povo não quer arma. Quem quer arma é o crime organizado", disse.

PASSADO DA REGIÃO

Ao final do discurso, Lula chamou ao palco um morador que o presenteou com um exemplar do livro "Entre Integralistas e Nazistas: Racismo, Educação e Autoritarismo no Sertão de São Paulo", de Sidney Aguilar Filho.

A obra relata a existência de uma fazenda-orfanato, em Buri, que mantinha 50 meninos em regime de escravidão. Na propriedade, segundo a pesquisa, havia fotografias de bois marcados a ferro quente com o símbolo nazista.

Essa história também foi tema de um documentário, "Menino 23". A produção conta a trajetória de Aloysio Silva, o interno de número 23 entre as 50 crianças. A família de Silva, incluindo uma de suas netas que hoje é aluna da UFSCar, também subiu ao palco e foi abraçada pelo presidente.


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