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Após seca histórica em 2024, chuvas do verão não foram suficientes para repor água no solo

Por Folha de São Paulo

27/03/2025 8h00 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As chuvas do verão, que chegou ao fim no último dia 20, não foram suficientes para recuperar o estoque hídrico do solo, afirma o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Com o solo maltratado nos últimos dois anos pelas secas e incêndios florestais, que têm atingido com mais frequência os biomas amazônia, cerrado e o pantanal, a umidade insuficiente pode acarretar novos problemas na época de estiagem, piorando a seca, que foi recorde no país em 2024.

Segundo o Inmet, as exceções são a região Norte, com destaque para o Amazonas e o sudoeste do Pará, e áreas do Maranhão e do Piauí, que receberam grande volume de chuvas nos últimos três meses. Nos demais, porém, a previsão não é nada animadora.

Entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano, o déficit de precipitações em relação à média, na porção mais ao norte do pantanal, norte de Mato Grosso, Rondônia, parte leste do Acre e sudoeste do Pará, foi de 200 mm, quando a média climatológica do período é 500 mm e 700 mm.

"Somente em janeiro, o déficit foi de 75 mm, indicando valores abaixo da normal climatológica nestas áreas, cuja restrição de chuvas se prolongou até fevereiro", disse o órgão nacional, destacando que o resultado dessa escassez hídrica neste último trimestre —que coincidiu com o verão— foi a perda de folhas nas áreas com florestas no oeste do Pará, leste do Amazonas, Rondônia e o pantanal matogrossense.

"Verifica-se também queda na produtividade de grãos devido à baixa umidade do solo, justamente no período de semeadura no final de 2024 e início de 2025, se estendendo até o mês passado, contribuindo para perdas de diversas culturas agrícolas. A falta de chuva também poderá implicar possíveis perdas econômicas e problemas às populações", alerta o Inmet.

De acordo com a agrometeorologista do Inmet Lucietta Martorano, grande parte do oeste da amazônia vai ter oferta de água no solo, o que pode favorecer as culturas agrícolas, mas o pantanal e praticamente todo o Brasil central, mais o estado de Minas Gerais e as porções oeste de São Paulo até o Rio Grande do Sul estão com oferta de chuva limitados, deixando o solo mais seco e trazendo prejuízos à recuperação hídrica.

O órgão enfatiza que as chuvas reduzidas no mês de fevereiro na porção mais ao sul da região Norte até o pantanal e oeste do Rio Grande do Sul caracterizam a situação como seca moderada. Mesma condição observada na porção central da região Nordeste, passando pelo Espírito Santo até o norte de Minas Gerais.

Com esse cenário, o que se pode esperar para os próximos meses, principalmente a partir do segundo semestre, quando iniciar a estiagem, é de uma seca igual ou até pior que a de 2024. No ano passado, vários estados do país sofreram com as queimadas, principalmente São Paulo.

A poluição foi tão séria que a capital paulista foi considerada por vários dias como a metrópole mais poluída do mundo, de acordo com o site suíço IQAir.

Em setembro, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) anunciou que o Brasil enfrentava a pior seca já registrada desde o início da atual série histórica, em 1950. Segundo um índice que mede as quantidades de água da chuva e da evapotranspiração de plantas, o momento superava as estiagens de 1998 e de 2015/2016.

O problema de seca em 2024 se estendeu por 5 milhões de quilômetros quadrados, ou 58% do território nacional, e 500 mil quilômetros quadrados a mais do que em 2015.

Outro problema da falta de umidade do solo é quando ocorre uma queimada e as brasas embaixo do solo não se apagam, mantendo o fogo durante vários dias seguidos.

"A brasa e o solo ficam quentes. Quando cai a noite, em vez de o solo ficar mais úmido para apagar a brasa, não está ficando úmido, só baixa um pouco a temperatura. Aí parece que incêndio foi apagado, mas a brasa continua queimando, imperceptível. No dia seguinte, começa a esquentar e a brasa volta a acender, principalmente se tiver vento, gerando a reignição. Isso acontece em vários lugares", explicou em setembro o capitão Roberto Farina, porta-voz da Defesa Civil do Estado de São Paulo.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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