Argentina agora declara que não sairá do Acordo de Paris
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O chanceler argentino, Gerardo Werthein, declarou ao jornal uruguaio El Espectador que seu país não abandonará o Acordo de Paris, mesmo que prossiga nos trabalhos de revisão de seus compromissos climáticos. "Estamos simplesmente reavaliando nossas posições. Não vamos sair do Acordo de Paris", afirmou, conforme reportagem publicada na terça-feira (19).
A declaração de Werthein, ex-embaixador da Argentina em Washington que assumiu o Ministério das Relações Exteriores no final de outubro, indica recuo nas intenções do país, que chegou a retirar na semana passada sua delegação das negociações da COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em curso em Baku, no Azerbaijão.
Em entrevista ao jornal The New York Times, publicada em 14 de novembro, o chanceler disse que Buenos Aires estava reconsiderando sua adesão ao pacto de 2015 por haver "muitos elementos" com os quais o presidente argentino, Javier Milei, não concordava.
Disse ainda que a Argentina deixou as negociações da COP29 porque o debate sobre aquecimento global é uma "questão filosófica".
Desde sua campanha eleitoral, em 2023, Milei claramente opõe-se às constatações científicas de que o aquecimento global seja resultado da ação humana. Nas negociações, teme restrições à expansão da produção de gás e petróleo de xisto de seu campo de Vaca Muerta.
O Acordo de Paris, por meio do qual 196 países comprometeram-se a evitar a elevação da temperatura média do planeta em mais de 1,5ºC no final deste século, em relação ao padrão pré-industrial, somente foi contestado uma vez.
Em 2017, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do pacto -uma iniciativa consumada apenas em 2020. Seu sucessor, Joe Biden, reintegrou os EUA ao acordo logo no início de seu mandato, em 2021.
Há possibilidade de Trump novamente abandonar o Acordo de Paris no segundo mandato, com começo previsto para janeiro de 2025. A aproximação entre Trump e Milei, que se encontraram no último dia 14 durante reunião de grupo de extrema direita em Mar-a-Lago, no estado americano da Flórida, suscita rumores de alinhamento dos dois líderes não apenas em questões climáticas.
Nos mais recentes fóruns internacionais, a Argentina questionou acertos já fechados sobre temas delicados, do ponto de vista ultraliberal. Durante da reunião de cúpula do G20, o país tentou vetar texto sobre igualdade de gênero.
Para o encontro de líderes do Mercosul, em 5 e 6 de dezembro no Uruguai, Buenos Aires prepara proposta de redução do escopo do Instituto de Políticas Públicas e Direitos Humanos (IPPDH), uma das instituições do bloco, com sede na Argentina.
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