Com projeção de chuvas severas, São Paulo amplia plano de contingência para o verão
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A intensidade de ocorrências provocadas pelas mudanças climáticas ampliou protocolos preventivos e de reação por parte da Defesa Civil de São Paulo. Na operação contra chuvas deste próximo verão, o plano de contingência, hoje com 177 municípios paulistas, será aberto para adesão de cidades, até então, menos suscetíveis às catástrofes provocadas por temporais.
A operação contra os reflexos das chuvas de verão será apresentada nesta quarta-feira (4) em solenidade na sede do governo paulista, no Palácio dos Bandeirantes, zona sul paulistana.
No verão passado, ao menos 18 pessoas morreram em virtude de fortes chuvas no estado de São Paulo. No período entre 2022 e 2023 foram 98 óbitos.
Com a adesão ao plano de contingência, o município passa a ser monitorado de forma mais específica, com informativos em tempo real de acumulado de chuva e de previsões pluviométricas, além de contar com análises técnicas presenciais, entre outros.
"Há municípios que, em tese, tinham monitoramento, mas não estavam dentro do plano preventivo", afirma o capitão Roberto Farina, porta-voz da Defesa Civil. Ele acredita que o novo plano de contingência deverá abranger mais de 200 cidades.
Outra novidade para este ano é o início, nesta quarta-feira, de alertas compulsórios disparado para telefones celulares que estejam em áreas de riscos extremos ou severos.
De acordo com o governo federal, a nova tecnologia entrará em operação nesta quarta nos estados do Sul e Sudeste. Os avisos são disparados para a população em local com cobertura de rede 4G ou 5G, sem necessidade de cadastro prévio do usuário.
O sistema funciona mesmo com o aparelho sem crédito ou no modo silencioso.
No alerta, os telefones vibram e emitem um sinal sonoro com duração de cerca de 10 segundos. A mensagem de texto se sobrepõe ao conteúdo que está sendo visualizado na tela, e a pessoa só consegue continuar utilizando o aparelho depois que visualizar o conteúdo da mensagem.
No domingo passado (1º), uma demonstração assustou moradores de Belo Horizonte com o barulho emitido pelo alerta no celular.
Nesta quarta também será assinado um termo de cooperação com a Unicamp (Universidade de Campinas), que em setembro passado recebeu um radar meteorológico capaz detectar eventos climáticos extremos.
Esse novo radar, de acordo com a Defesa Civil, abrange um raio de aproximadamente 100 municípios. A região de Campinas, ou as cortadas pelo rio Capivari, são consideradas críticas.
A Defesa Civil espera chuvas volumosas para este verão, tendo em vista precipitações que ocorreram nos últimos dois meses apenas em outubro passado, seis pessoas morreram por causa de tempestades no estado de São Paulo.
Um boletim elaborado na semana passada para a Folha pelo Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp, apontou que, em geral, o verão vai ser mais quente no país.
O documento também diz que há indicativos superiores de chuva no Sudeste, especialmente entre o norte e o leste paulista, centro-sul de Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
De acordo com a Defesa Civil, devem merecer atenção redobrada a faixa leste do estado, onde fica a região metropolitana de São Paulo e o litoral no verão de 2022, o deslizamento de um morro matou 18 pessoas em Franco da Rocha, e no ano passado, 65 pessoas acabaram mortas no litoral norte.
Como mostrou a Folha, a Grande São Paulo possui mais de 7.000 áreas sujeitas a desastres climáticos.
O governo planeja intensificar campanhas, inclusive, presencialmente, para orientar moradores com planos de fuga em casos de uma catástrofe climática.
"Projeções mostram verão severo em relação a chuva, por isso, a ideia é trabalhar bastante a conscientização das pessoas em locais de risco", afirma o porta-voz da Defesa Civil.
Estão previstas ainda a entrega de 24 obras (e início de outras sete) e reforços nos equipamentos de Defesa Civil em 86 cidades.
Para 2025, está prevista a elaboração de um plano estadual para adaptar municípios aos efeitos das mudanças climáticas. Será uma espécie de cartilha com orientações de respostas a situações extremas.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
A Prefeitura de São Paulo afirma que em 2025, será o terceiro ano de funcionamento do Sistema Urano, que usa inteligência artificial para monitorar o nível dos piscinões na cidade e analisa dados meteorológicos para identificar onde e quanto vai chover.
Conforme a administração municipal, o Urano emite alertas para a possibilidade de cheia, abre ordens de serviço de emergência e o deslocamento das equipes é feito com antecedência para agir de forma preventiva em caso de inundações ou transbordamentos.
"Além disso, a cidade contará pela primeira vez, com o suporte das 18 mil câmeras do programa Smart Sampa no monitoramento durante as chuvas", diz a prefeitura, em nota, que também afirma ter mapeamento de pontos vulneráveis por meio da Defesa Civil municipal.
Entre as ações preventivas, a nota diz que o escoamento da água depois de tempestades na cidade ganhou velocidade depois do aumento de 24 para 60 o número de caminhões que fazem hidrojateamento para desobstruir bueiros e bocas de lobo.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que entre 2021 e o início deste mês fez investimentos recordes no combate às enchentes, com aplicação de R$ 7,6 bilhões.
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