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Como as condições climáticas podem ser a causa dos incêndios na Califórnia

Por Folha de São Paulo

13/01/2025 16h30 — em
Variedades



BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) - As autoridades da Califórnia investigam as causas dos incêndios florestais de grandes proporções que atingem o estado norte-americano desde a última terça-feira (7). As condições climáticas do local podem ter colaborado para o início e rápida propagação das chamas.

"Tudo está absolutamente sobre a mesa", disse o xerife do Condado de Los Angeles, Robert Luna, sobre as causas do incêndio.

Raios foram descartados. Não houve a incidência de raios na região no momento em que o fogo começou, segundo a FOX. De acordo com a Associação Nacional de Proteção Contra Incêndios, essa é a causa mais comum de incêndios nos EUA.

Incêndios criminosos e causados por linhas de transmissão de eletricidade são as duas outras causas mais comuns nos EUA. Até o momento, não há dados oficiais de que os incêndios na Califórnia foram causados por esses motivos, segundo a BBC.

Condições climáticas eram propícias para a propagação de incêndios. A Califórnia passou por um período úmido nos anos de 2022 e 2023, o que resultou no crescimento da vegetação. A forte seca do ano passado fez com que essa vegetação se tornasse um material extremamente inflamável.

Relatório alertou sobre as condições climáticas e o risco de incêndios na Califórnia. "Para Janeiro, um potencial significativo de incêndios acima do normal está previsto para partes do sul da Califórnia", apontou o boletim publicado pelo Centro Nacional de Bombeiros Interagências em 2 de janeiro.

Além disso, no dia em que os incêndios se iniciaram, havia um alerta vermelho para tempestade de vento na região. Se tratava do fenômeno conhecido como ventos Santa Ana, que ajudaram a propagar as chamas com velocidades de até 160 km/h. "Os incêndios nestas condições podem ser catastróficos", advertiu o meteorologista Daniel Swain à AFP.

As mudanças climáticas, incluindo o aumento do calor, secas prolongadas e uma atmosfera mais seca, têm sido fatores-chave no aumento do risco e da extensão dos incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos durante as últimas duas décadas Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, em relatório de julho de 2023

FOCO ANTIGO PODE TER GERADO INCÊNDIO DE PALISADES

O incêndio de Palisades, que começou na última terça-feira (7), pode ter sido originado por outro foco de incêndio, que aconteceu na véspera do Ano Novo. Fotos, vídeos, imagens de satélite e comunicações de rádio foram analisadas pelo The Washington Post, que também conversou com testemunhas.

"O foco do incêndio começou bem próximo de onde o último fogo ocorreu na véspera de Ano Novo", disse um bombeiro em uma transmissão de rádio. Há a hipótese de que o fogo tenha se reacendido no local, o que pode ocorrer devido ao vento.

Em julho, uma campanha do governo da Califórnia alertava aos moradores que incêndios aparentemente extintos poderiam gerar novos focos. Mesmo assim, não é prática dos bombeiros de Los Angeles manter patrulhas em locais onde ocorreram incêndios, mesmo poucos dias após a possível extinção deles.

"É certamente possível que algo daquele incêndio anterior, dentro de uma semana, tenha reacendido e causado a ignição", disse Michael Gollner, professor de engenharia mecânica e especialista em incêndios, ao The Washington Post. Segundo o Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia, a causa do incêndio de Palisades ainda está sob investigação.

Responsabilidade pelos incêndios tem sido ponto de discussão entre quem perdeu algum imóvel devido ao fogo. A rede de serviços financeiros Wells Fargo aponta que os danos e perdas econômicas devido aos incêndios podem variar de US$ 60 bilhões (R$ 366 milhões) a US$ 130 bilhões (R$ 794 milhões).

Moradores relataram demora na ação dos bombeiros em Palisades. As transmissões de rádio mostram o primeiro relato de fumaça às 10h23 (horário local) na terça-feira. 7 minutos depois, os bombeiros confirmaram o incêndio em uma área remota de difícil acesso.

Às 10h33, helicópteros foram chamados para o combate às chamas. Eles, porém, demoraram cerca de 30 minutos para chegar ao local. "Não vimos helicópteros até que o fogo já estivesse se espalhando rapidamente", disse Andrew Turner, testemunha ouvida pelo The Washington Post.

INCÊNDIOS CHEGAM AO SÉTIMO DIA

Pelo menos 24 pessoas morreram nos incêndios que devastam a Califórnia, informaram as autoridades. Oito mortes foram causadas pelo incêndio Palisades, e 16 foram atribuídas ao incêndio Eaton.

Número de mortos deve aumentar, dizem as autoridades. Bairros inteiros foram consumidos pelas chamas desde o início dos incêndios na terça (7), e mais de 15 mil imóveis foram destruídos.

Ao menos 16 pessoas estão desaparecidas, informou o xerife do Condado de Los Angeles, Robert Luna. Ele diz que ainda não é possível relacionar todos os desaparecimentos aos incêndios.

Ventos dificultam trabalho dos bombeiros. O incêndio Palisades, o maior dos que atingem Los Angeles, está se espalhando para o leste e agora ameaça os bairros Brentwood e Encino. O Serviço de Meteorologia de Los Angeles emitiu alerta para ventos que podem ser fortes o suficiente para causar aumento nas chamas.

Pelo menos 153 mil moradores de Los Angeles deixaram suas casas. O governo local declarou emergência de saúde pública, alertando que a fumaça e o material particulado podem representar ameaças imediatas e de longo prazo.

México vai enviar reforços aos EUA. A cidade de Los Angeles fica perto da fronteira entre os dois países e é onde moram muitos mexicanos. "Somos um país generoso e solidário", afirmou a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, em uma rede social.


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