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Contra coronavírus, igrejas vetam que fiéis deem as mãos em missas

Por Folha de São Paulo

02/03/2020 15h46 — em
Variedades



RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país, a orientação da igreja passou a ser: ninguém segura na mão de ninguém. Arquidioceses e dioceses mudaram o ritual litúrgico das missas com o objetivo de evitar uma possível contaminação pela doença. 

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Além de vetarem ou recomendarem que os fiéis não deem mais as mãos durante a oração do Pai-Nosso, igrejas de todo o país decidiram suspender também o abraço da paz e passaram a entregar as hóstias aos frequentadores das missas apenas em suas mãos, não mais nas bocas. 

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O primeiro caso foi confirmado no país na última terça-feira (25), e o segundo, neste sábado (28). Após Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) divulgar, na última quinta-feira (27), o surgimento do primeiro caso suspeito da doença na cidade, a Arquidiocese local emitiu um decreto, assinado pelo arcebispo dom Moacir Silva, determinando as alterações no ritual das celebrações. 

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Além da doença, o religioso citou no documento, válido para 85 paróquias de 20 cidades da área de abrangência da Arquidiocese, a campanha da fraternidade deste ano, "que nos convoca para ter cuidado com a vida, dom e compromisso".

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O caso investigado em Ribeirão é de um homem de 42 anos que ficou 30 dias no norte da Itália e voltou com mal-estar, febre e coriza. Já em Salvador, o arcebispo dom Murilo Krieger divulgou na última sexta-feira (28) documento em que pede ainda que sacerdotes, diáconos e ministros da Sagrada Comunhão que também incentivem que todos estejam atentos às orientações das autoridades e profissionais da saúde. 

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A avaliação de religiosos é de que as alterações não reduzem a validade ou sentido das celebrações e que o abraço da paz deve ser substituído pelo fortalecimento dos sentimentos de bem-querer ao próximo. 

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Em Colatina (ES), o bispo dom Joaquim Wladimir Lopes Dias ainda incluiu nas recomendações que, em salas e templos climatizados, o ar-condicionado (modo frio) seja regulado para uma temperatura que seja a mais próxima possível da ambiente e que, em locais sem climatização, o espaço seja mantido o mais aberto e ventilado possível. 

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"Essas medidas são necessárias neste momento e manifestam o compromisso da Igreja em defesa da vida e pelo bem-estar de nosso povo. Pedimos atenção a todos quanto ao cumprimento dessas recomendações em nossas ações litúrgicas e sacramentais. É dever de todos nós ajudar a combater essa enfermidade que ameaça a nossa saúde, especialmente dos mais idosos", diz o religioso. 

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Outras arquidioceses a adotarem as mudanças são as mineiras de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Uberaba. "Na oração do Pai-Nosso, no lugar de unir as mãos, seja cultivado com mais intensidade o compromisso com a fraterna comunhão", diz trecho divulgado pela Arquidiocese da capital mineira. 

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Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba, disse que as orientações devem ser observadas durante as missas ou em aglomerações de pessoas, "evitando determinadas atitudes que possam comprometer a vida". "Nosso desejo é que todos tenham vida e a tenham em abundância, como nos ensinou o Senhor", disseram dom Gil Antônio Moreira, arcebispo de Juiz de Fora, dom José Eudes Campos do Nascimento, bispo de São João Del-Rei, e dom Edson José Oriolo dos Santos, bispo de Leopoldina, em comunicado aos fiéis. 

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A medida tomada pelas igrejas já foi adotada em outro momento de preocupação com a saúde pública no país. Quando do surgimento e agravamento dos casos da gripe H1N1, dioceses também alteraram rituais da liturgia católica em cidades como Aparecida, Franca e Taubaté. 

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Segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) as arquidioceses e as dioceses devem indicar as normas a serem observadas em sua área de atuação fazendo as recomendações necessárias e observando a realidade de cada lugar.

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