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Desempenho do ensino médio de SP recua e é menor do que antes da pandemia

Por Folha de São Paulo

14/08/2024 12h45 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A rede estadual de São Paulo registrou queda de rendimento no ensino médio em 2023, segundo o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação), principal indicador de qualidade da educação básica do país. A avaliação foi feita no fim do primeiro ano de mandato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Ministério da Educação. São Paulo tinha uma média de 4,3 para o ensino médio em 2019. O indicador subiu para 4,4 em 2021, mas caiu para 4,2 em 2023

A queda em São Paulo vai na contramão da média nacional para essa etapa, que teve ligeira recuperação em relação aos níveis de aprendizagem pré pandemia.

A média das redes estaduais de ensino do país foi de 3,9 em 2019 e 2021. Em 2023, houve ligeiro crescimento para 4,1.

A rede estadual de Goiás foi a que teve o melhor resultado do Ideb, com média de 4,8.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação), é o responsável pelo trabalho. Os resultados foram apresentados nesta quarta pelo ministro Camilo Santana e pelo presidente do Inep, Manuel Palácios.

Desde que assumiu o comando da educação paulista, o secretário Ricardo Feder, que é empresário da área de tecnologia, iniciou um intenso processo de digitalização do ensino. Ele adotou uma série de aplicativos e plataformas digitais para serem usados nos processos pedagógicos e monitorar o trabalho dos professores.

Ele chegou a anunciar que não iria mais usar livros didáticos, mas recuou depois de forte repercussão negativa. Apesar disso, manteve a produção e cobrança do uso de aulas digitais nas escolas e, inclusive, começou a produzi-las como o uso de ferramentas de inteligência artificial.

O Ideb foi criado em 2007. Nos primeiros anos da avaliação, o ensino médio registrou uma evolução positiva nas médias do Ideb. Mas, a partir de 2013, os estados passaram a encontrar dificuldade para atingir as metas estabelecidas. Oito em cada dez alunos de ensino médio estão em escolas públicas ligadas às redes estaduais.

Esse é o primeiro ano em que as redes de ensino e escolas não têm uma meta a alcançar no Ideb, já que o indicador deveria ter sido renovado a partir desta edição, mas tanto o governo Jair Bolsonaro (PL) quanto a atual gestão Lula (PT) não construíram um novo modelo.

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ENTENDA O IDEB

O que é?

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado pelo Inep em 2007 para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.

O indicador é calculado para cada escola, município e estado, além de ter médias nacionais.

Como é calculado?

O Ideb é formado por dois fatores:

1 - desempenho dos estudantes no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica); as provas de matemática e português são aplicadas a cada dois anos

2 - taxas de aprovação escolar

Com esses dois componentes é calculado o índice, que varia de 0 a 10.

O Ideb estabelece metas?

Sim. Quando o indicador foi criado, foram estabelecidas metas para ser alcançadas até 2021: para os anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) a perspectiva era que o país alcançasse uma média igual ou superior a 6. Para os anos finais (do 6º ao 9º ano), a meta era alcançar a média de 5,5

Já ara o ensino médio, a meta era de 5,2 pontos.

No ensino fundamental, cada escola também teve metas calculadas individualmente. Isso não ocorre no ensino médio porque o Saeb é realizado por amostra nesta etapa.

Como as metas não houve a formulação de um novo modelo do Ideb, só há metas até 2021. Assim, nesta edição de 2023 o indicador não há metas para serem alcançadas.

Quais são as críticas ao Ideb?

A principal crítica é de que o indicador é de difícil interpretação e, por isso, pouco ajuda gestores escolares e professores a entender o nível de aprendizado de seus estudantes e como esses resultados podem indicar melhores estratégias de ensino.

Especialistas também avaliam que as metas e a forma de avaliação do Saeb estão defasadas e não refletem o que atualmente é considerado como uma aprendizagem adequada. Ainda há críticas ao formato de cálculo do Ideb, que não mede as desigualdades educacionais. Assim, a busca pela melhora no indicador pode levar as redes de ensino à exclusão de estudantes com mais dificuldade.


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