Eduardo Paes toma posse reativando 'fábrica de croquis' para 4º mandato
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), 54, tomou posse nesta quarta-feira (1º) reativando a "fábrica de croquis" que marcou seus dois primeiros mandatos.
Após quatro anos em que descreveu sua gestão como recuperação do passivo do antecessor, Marcelo Crivella (Republicanos), Paes apresentou já na transição novos projetos e compromissos que pretende executar à frente da prefeitura.
A cerimônia de posse ocorreu na Câmara Municipal. Antes da solenidade, a prefeitura anunciou a publicação de 46 decretos que devem direcionar o início do quarto mandato de Paes.
A maioria deles forma grupos de trabalho para colocar em prática novos projetos. Um dos destaques é a área de segurança, com discussões sobre o que a prefeitura chama de criação de uma Força Municipal de Segurança e 'refundação' da Guarda Municipal.
Ao longo da transição, Paes já anunciou planos como a demolição do viaduto 31 de Março (que liga a zona sul à norte), à semelhança do que fez com o elevado da Perimetral na zona portuária. Também anunciou a construção do parque Terra Prometida, voltado para o público evangélico.
O maior desafio do prefeito, contudo, é concretizar a promessa de solucionar o caos nas linhas municipais de ônibus, por meio das quais a maior parte dos cariocas transita pela cidade. Durante a campanha, ele prometeu "fazer a mesma revolução que foi feita com o BRT".
O próprio BRT, porém, ainda precisa definir seu futuro. Com a conclusão das obras dos terminais e a aquisição de novos veículos, o município deve tentar mais uma vez conceder o serviço para a iniciativa privada. As últimas tentativas foram frustradas, em razão do péssimo estado de conservação em que se encontravam a frota, a pista e as estações.
No transporte, Paes também terá como desafio fazer vingar a bilhetagem eletrônica, cuja implementação completa está prevista para fevereiro atraso de quase um ano em relação ao planejamento inicial. O sistema, batizado de "Ja É", promete acabar com a chamada "caixa preta" das tarifas, dando ao município o controle sobre informações como número de passageiros, gratuidades e linhas mais congestionadas.
Após a implementação do "Já É" no município, Paes terá de demonstrar capacidade de articulação com a gestão Cláudio Castro (PL) para integrar o sistema com o serviço estadual de transporte.
Na saúde, a principal dificuldade será a gestão dos dois hospitais federais municipalizados no fim do ano passado. Parte do custo será bancada pelo governo federal, mas há temor em relação ao aumento de gastos no setor.
O quarto mandato também será um teste para o aumento de moradores na zona portuária, cujos lançamentos imobiliários devem ser concluídos nos próximos anos. Ampliar a atração de residências para o centro e reduzir a pressão sobre a zona oeste é um desafio desde o primeiro mandato de Paes.
Os planos foram divulgados ao longo da transição do terceiro para o quarto mandato. Paes instalou um gabinete, sob o comando do vice-prefeito Eduardo Cavaliere (PSD), com o objetivo de "buscar fazer uma leitura o mais externa possível daquilo que é a nossa administração para que a gente possa nos provocar".
O prefeito foi reeleito para o quarto mandato com 60% dos votos válidos e uma campanha baseada na aliança com o presidente Lula (PT), bem como acenos constantes ao eleitorado evangélico. O deputado Otoni de Paula (MDB) coordenou a campanha voltada para os cristãos e ganhou uma secretaria: o filho do deputado, Otoni de Paula Filho, assumiu a recém-criada Secretaria de Cidadania e Família.
O prefeito também manteve a sinalização aos evangélicos após a vitória. Além do parque Terra Prometida, reservou um palco do Réveillon de Copacabana para a música gospel.
Paes classificou o seu terceiro mandato como reconstrução da cidade após a mal avaliada gestão Crivella. Retomou as obras do BRT Transbrasil, abandonadas pelo antecessor, bem como restabeleceu os serviços de saúde da família.
Foi uma gestão distinta dos dois primeiros mandatos (2009-2016), quando teve a passagem marcada por grandes obras para a preparação para as Olimpíadas de 2016.
Ao tomar posse nesta quarta, Paes se tornou o político com maior tempo na administração do Rio de Janeiro, superando seu padrinho político, o vereador e ex-prefeito Cesar Maia (PSD), que teve três mandatos. Paes governou a cidade por dois mandatos entre 2009 e 2016, e voltou ao Palácio da Cidade em 2021.
A vitória no primeiro turno o credencia para disputar o governo estadual em 2026, o que, durante a campanha, ele prometeu não fazer. Caso mude de posição, ficará no cargo por apenas um ano e quatro meses, deixando a cidade nas mãos de Cavaliere, 30.
Alguns aliados afirmam que o prefeito nutre desejos de voos maiores, como uma vaga de vice na chapa de Lula em 2026 ou até mesmo uma candidatura própria, caso o presidente não busque a reeleição e Bolsonaro permaneça inelegível. Também não está descartada a permanência no cargo até o fim do mandato, visando a disputa presidencial de 2030 e evitando o "ingovernável" Palácio Guanabara.
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