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Em novo julgamento, acusada de matar e queimar a família no ABC é condenada a 85 anos de prisão

Por Folha de São Paulo

28/08/2024 16h45 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Acusada pelo triplo homicídio qualificado dos pais e do irmão adolescente, Anaflávia Martins Gonçalves foi julgada mais uma vez na noite desta terça-feira (27) e acabou condenada a 85 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão, em regime inicialmente fechado. A informação é do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

Ela já havia sido condenada, em junho do ano passado, a 61 anos de prisão. O Ministério Público, porém, não concordou com a sentença, que não incluía na pena a condenação pela morte do irmão, e recorreu.

O novo julgamento, como o anterior, ocorreu em júri popular no Fórum de Santo André, no ABC.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Anaflávia. No julgamento anterior, o advogado dela havia dito que iria recorrer da decisão.

Além de Anaflávia, outras quatro pessoas já tinham sido condenadas pelas mortes de Romuyuki Gonçalves, 43, de Flaviana Gonçalves, 40, e do filho do casal, Juan Gonçalves, 15.

A namorada de Anaflávia, Carina Ramos de Abreu, foi condenada no mesmo júri de junho de 2023 a 74 anos, 7 meses e 10 dias de prisão. Guilherme Ramos da Silva recebeu uma pena de 56 anos, 2 meses e 20 dias de prisão.

Em agosto de 2023, Juliano Oliveira Ramos Júnior foi condenado a 65 anos, 5 meses e 10 dias de prisão, e Jonathan Fagundes Ramos recebeu pena de 56 anos, 2 meses e 20 dias, ambos em regime fechado, por participação no mesmo crime.

Na sentença desta terça-feira, Anaflávia acabou condenada pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (multiplicado por três), roubo majorado, associação criminosa e destruição de cadáver (também multiplicado por três).

O juiz Lucas Tambor Bueno destacou as circunstâncias agravantes do homicídio qualificado -crimes praticados contra ascendentes e sob prevalência de relações domésticas de coabitação ou de hospitalidade- e afirmou que houve nítida premeditação.

O magistrado também reforçou que "a acusada tinha acesso à residência dos ofendidos, seus genitores, inclusive por meio de dispositivo para ingressar no condomínio em que residiam".

Na ação, o grupo pretendia roubar R$ 85 mil que estaria em um cofre da casa da família em um condomínio fechado. Os assassinatos teriam ocorrido porque não havia o dinheiro.

Os corpos das vítimas foram encontrados no carro da família, um Jeep Compass, que estava incendiado, no dia seguinte, na madrugada de 28 de janeiro de 2020. Anaflávia e Carina foram presas no dia seguinte, e os outros suspeitos, dias depois.

Segundo os autos, a acusada informou a então companheira da existência de um cofre na casa da família e facilitou a entrada da parceira e dos comparsas no condomínio. Eles, afirma o documento, subtraíram objetos, mataram e carbonizaram as vítimas, cujos corpos foram encontrados apenas no dia seguinte dentro de um carro.

O júri de 2023 chegou a ser adiado quatro vezes devido à ausência de ao menos quatro testemunhas e de um advogado de defesa.

Na ocasião, a Folha de S.Paulo conversou os advogados dos acusados. A defesa de Guilherme afirmou que ele estava ciente somente do roubo realizado na casa da família. Da mesma forma, a defesa de Carina disse que ela havia confessado ter arquitetado o roubo, mas negava os homicídios.

A advogada de Juliano e Jonathan, por sua vez, afirmou na época que os irmãos se uniram para cometer crime patrimonial, e não crime contra a vida. Ainda segundo a defesa deles, as mortes foram planejadas e executadas por Anaflávia e Carina.

Um advogado do casal que em novembro de 2022 já havia abandonado o caso afirmou inicialmente que ambas disseram ter planejado um assalto à família de Anaflávia e que foram pegas de surpresa com a violência, que resultou no triplo assassinato.

A motivação para o crime, segundo investigação da Polícia Civil, seria o fato de o grupo não ter encontrado dinheiro na casa das vítimas.


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