Escolas privadas mantêm expansão pós-pandemia e matrículas batem recorde em 2024
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As escolas privadas do país mantiveram a expansão de matrículas no pós-pandemia e chegaram no ano passado com recorde de matrículas, de acordo com o Censo Escolar de 2024.

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São 9.517.832 alunos nas escolas privadas do país, da creche ao ensino médio. Isso significa que 9,6% dos estudantes da educação básica estão em unidades particulares ou 1 em cada 10 alunos.
O MEC (Ministério da Educação) divulga nesta quarta-feira (9) a edição de 2024 do Censo Escolar, que traz o panorama da educação brasileira. Os dados são de responsabilidade do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), ligado ao ministério. A divulgação atrasou mais de dois meses.
A maioria absoluta dos estudantes está na rede pública, mas os dados da rede privada são reveladores: a alta de matrículas foi expressiva após a pandemia de Covid e ocorre enquanto o total de matrículas no país tem queda. O número de alunos em escolas particulares é o maior número desde 2007, o início da série histórica do Inep.
Considerando os últimos dez anos, a rede privada ganhou 460 mil alunos. A rede pública perdeu 2,1 milhões no mesmo período (entre 2015 e 2024).
A queda geral de estudantes da educação básica é reflexo de melhoras graduais no fluxo escolar do ensino fundamental e de alterações da curva demográfica do Brasil nos últimos anos, com a população jovem em redução. Segundo estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o crescimento da população brasileira está em desaceleração.
As estimativas apontam para uma inversão da curva demográfica brasileira a partir de 2042. Ou seja, a partir daquele ano, a população total do país deve começar a cair.
A rede privada cresce desde 2018, mas houve uma inflexão com o fechamento de escolas durante a pandemia. As escolas privadas tiveram uma perda de 11% entre 2019 e 2021, chegando a 8,1 milhões de matrículas (8,2% do total).
Já em 2022, no entanto, houve recuperação, com os mesmos 11%, na comparação com o ano anterior. Em 2023, o avanço das privadas foi de 4,7% e, no ano passado, de 1%.
Com relação ao pior momento da pandemia (2021), são 1,3 milhão de alunos a mais nas escolas pagas. Um crescimento acumulado de 17%.
O Censo Escolar de 2024 indica que o Brasil tinha em 2024 um total de 47.088.922 alunos na educação básica, que vai da creche ao ensino médio. Isso considerando as redes públicas e privadas. Houve uma leve queda de 0,46% com relação a 2023.
O maior volume de matrículas se concentra no ensino fundamental, com 26.002.356 alunos. Desse total, 21.206.984 estão em escolas públicas, a maioria em redes municipais.
A educação infantil, que compreende alunos de até 5 anos (da creche à pré-escola), teve leve aumento de matrículas. Passou de 9.461.155 em 2023 para 9.491.894 no ano passado a pré-escola, no entanto, perdeu alunos.
A divulgação do Censo ocorre em meio a uma crise de transparência na pasta comandada por Camilo Santana. Como revelou a Folha, o Inep quis engavetar os dados de alfabetização do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2023, em uma decisão inédita.
O movimento foi contestado por técnicos do MEC, e o ministro Camilo Santana ordenou a divulgação das informações.
Quando revelados, os dados do Saeb confirmaram o que era uma suspeita de servidores da pasta: havia diferenças entre o Saeb e um novo índice divulgado pelo governo no ano passado, com base em avaliações aplicadas pelos estados.
Enquanto a avaliação já divulgada mostrava que 56% das crianças do 2º ano estavam alfabetizadas em 2023, os dados do Saeb indicam um percentual menor, de 49%. Isso representa queda com relação a 2019, antes da pandemia, quando o mesmo Saeb indicava que o país tinha 55% das crianças alfabetizadas, segundo critérios de aprendizagem definidos pelo atual governo.
No geral, o Censo divulgado nesta quarta mostra que a parcela de alunos que se declara preto ou pardo segue crescendo. Foi de 19,3 milhões em 2023 para 21,6 milhões em 2024 já os que preferiram não se identificar diminuíram de 12 milhões para 8,9 milhões.
Já os dados do ensino médio têm apresentado tendência de melhora mesmo antes do início do programa Pé-de-Meia, aposta do governo Lula (PT) para melhorar o sucesso escolar nesta etapa.
As redes públicas do país registraram no ano passado um total de 6.759.848 matrículas na etapa, com um leve aumento com relação ao ano anterior (quando eram 6.690.396 alunos).
Ao observar a idade dos estudantes na etapa, também se vê pequenos avanços. No ano passado, 87% dos matriculados no ensino médio público tinham até 17 anos, idade ideal para a etapa. Em 2019, antes da pandemia, esse percentual era de 82%.
O programa de bolsas para permanência na escola dos alunos das classes mais baixas é uma das principais bandeiras do governo Lula e do ministro Camilo Santana.

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