EUA enviam 2 milhões de doses de hidroxicloroquina ao Brasil para tratar a Covid-19
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os Estados Unidos enviaram ao Brasil 2 milhões de doses de hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O fornecimento do medicamento foi anunciado pelos dois governos neste domingo (31) e ocorre poucos dias depois de a OMS (Organização Mundial de Saúde) suspender os testes da substância para pacientes com coronavírus por causa dos riscos e da falta de segurança sobre a eficácia do remédio. A hidroxicloroquina é tradicionalmente usada no tratamento de pessoas com malária e doenças autoimunes. O uso da hidroxicloroquina para tratar pacientes com Covid-19 é defendido tanto pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto por Donald Trump. O mandatário norte-americano já declarou que faz uso do medicamento como medida preventiva para não se contaminar com o coronavírus. Bolsonaro também disse ter uma "caixinha" do remédio guardada caso sua mãe de 93 anos precise. No Brasil, o uso da hidroxicloroquina foi ampliado no dia 20 de maio para pacientes com sintomas leves do novo coronavírus. Até então, a orientação era de uso apenas por pessoas com sintomas graves e críticos e com monitoramento em hospitais. Segundo a Casa Branca, a hidroxicloroquina enviada ao Brasil será utilizada por enfermeiros, médicos e profissionais de saúde, além de pacientes infectados. O governo de Donald Trump também se comprometeu a fazer uma parceria com o Brasil em testes clínicos controlados randomizados sobre a hidroxicloroquina. "Esses testes ajudarão em avaliações adicionais sobre a segurança e a eficácia [do medicamento] tanto para a profilaxia quanto para o tratamento precoce do coronavírus", de acordo com o comunicado. Além da hidroxicloroquina, os Estados Unidos disseram que enviarão em breve mil ventiladores mecânicos para unidades de saúde brasileiras. ESTUDOS DESCARTAM EFICÁCIA DA HIDROXICLOROQUINA Um dos maiores estudos feitos até o momento não encontrou redução de mortalidade por Covid-19 entre pessoas que foram medicadas com hidroxicloroquina (com e sem associação com azitromicina). A pesquisa com 1.438 pacientes foi publicada em maio na revista Jama (Journal of the American Medical Association), um dos principais periódicos médicos do mundo. Isso significa que o estudo passou por revisão de outros cientistas não envolvidos nas análises em questão. Outra grande pesquisa, com 1.376 pacientes de Nova York, publicada no The New England Journal of Medicine, outro respeitado periódico científico, também apontou que não foram encontradas evidências de que o uso da hidroxicloroquina influenciaria na redução de mortes ou intubações. A revista científica inglesa The Lancet também publicou pesquisa feita com dados de 96 mil pessoas internadas com Covid-19 em 671 hospitais de seis continentes, indicando que o uso de hidroxicloroquina e cloroquina estava ligado a maior risco de arritmia e de morte, em comparação com pacientes que não usaram os medicamentos.
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