EUA ultrapassam Itália e se tornam país com mais mortes por coronavírus no mundo
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Os EUA registraram neste sábado (11) um total de 18.860 mortes em decorrência do coronavírus e se tornaram o país com mais vítimas da pandemia no mundo.
Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, a liderança em mortos até agora era da Itália, com 147,5 mil casos e 18.849 vítimas. Os números estão sendo atualizados a cada hora, mas a tendência dos últimos dias -de crescimento dos casos e mortes nos EUA em ritmo alucinante- indica que o epicentro do vírus se estabeleceu de vez no continente americano e que o país deve permanecer na liderança em casos e mortos.
Os EUA têm assistido a uma média de 25 mil a 30 mil novas confirmações de infectados por dia, somado aos recordes de mortes também diários, que chegaram a mais de 2,1 mil vítimas nesta sexta (10) -primeira vez que se viu essa marca no mundo todo.
Hoje são mais de 501 mil casos confirmados nos EUA e, mesmo com o avanço vigoroso dos números, o presidente Donald Trump indica que há uma melhora na curva e que pode ser possível reabrir a maior parte do país em meados de maio.
As projeções utilizadas como diretrizes da Casa Branca revisaram a previsão do pico de mortes diárias justamente para esse fim de semana e indicam que, a partir da próxima semana, essa curva começará a descer. Especialistas, porém, afirmam que as mortes são um indicativo atrasado -é preciso olhar para o número de hospitalizações- e que uma reabertura precoce e sem planejamento poderia causar uma segunda onda de transmissões no país.
O novo vírus já matou mais de 103 mil pessoas no mundo todo e infectou mais de 1,7 milhão.
As expectativas do IHME, centro de métrica da Universidade de Washington e que servem de base para o governo Trump, apontavam para 1.983 mortes na sexta. O número acabou um pouco maior do que isso, 2,1 mil, mas os analistas afirmam que sempre pode haver variação.
Em 1º de maio, quando Trump diz querer reabrir o país, o número de mortes, segundo o IHME, estaria em torno de 980 por dia, chegando a um dígito somente no início de junho. A marca zero, dizem os dados, seria alcançada somente em agosto.
Hoje cerca de 95% da população americana está sob alguma medida de restrição social, em vigor em caráter nacional até pelo menos dia 30 de abril.
Na semana passada, o governo dos EUA apresentou projeções que indicavam que 100 mil a 240 mil pessoas morreriam nos EUA mesmo se adotadas medidas de distanciamento social. Desde quarta, no entanto, o governo vem divulgando a revisão para baixo desse e de outros números e agora fala em 60 mil mortes até agosto, segundo o IHME.
Robert Redfield, oficial do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), por exemplo, disse esse modelo "prevê que apenas cerca de 50% dos americanos vão seguir as orientações."
"Na verdade, como vemos, a grande maioria está adotando o distanciamento social de coração e acho que essa é a consequência de vermos números mais e mais baixos do que tínhamos previsto", afirmou.
Pior cenário hoje nos EUA, o estado de Nova York tem acompanhado o recorde nacional diário de mortes e chegou a mais de 700 por dia esta semana.
O governador Andrew Cuomo, por sua vez, afirmou que é preciso focar as atenções na queda de internações, que indicaria tendência de melhora no grave quadro da região.
Cuomo enfatizou que a média em relação a três dias desse índice apresentou propensão à queda em Nova York. "No momento, projetamos que estamos atingindo uma estabilização no número de hospitalizações."
Com o cenário crítico desde o meio de março, o estado tem hospitais sobrecarregados e escassez de materiais médicos, que vão desde respiradores a máscaras e luvas.
Para tentar contingenciar parte dos danos, cerca de sete mil profissionais de saúde, muitos aposentados e de outras regiões do país, foram habilitados a trabalhar em Nova York, enquanto um plano de enterros temporários e em locais provisórios, como parques, também foi anunciado pelas autoridades.
Cuomo reforçou que a melhora no cenário do estado só deve acontecer se as pessoas continuarem seguindo à risca as orientações de distanciamento social.
"Não estamos vendo um ato de Deus, é um ato do que a sociedade realmente faz", disse o governador.
Os números utilizado como modelo pelo governo também foram atualizados para baixo em relação ao total de mortes previstas até agosto também à expectativa para o número de leitos hospitalares e de UTI que seriam necessários no pico da crise.
Apesar disso, governadores continuam prevendo semanas difíceis pela frente e muitos deles têm desenvolvido seus próprios métodos de previsão e contabilidade para antecipar os materiais e leitos que precisam -e em qual quantidade.
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