SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Eram 9h da manhã deste sábado (10) e o termômetro marcava 11ºC em Vinhedo. Uma garoa insistente molhava os repórteres, cinegrafistas, fotógrafos e policiais que faziam plantão em frente ao Condomínio Recanto Florido, local da queda de uma aeronave que deixou 62 mortos. Mesmo com o frio e a chuva, dezenas de curiosos se aglomeravam do outro lado da calçada para acompanhar o trabalho da imprensa e das equipes de resgate.

Muitos eram moradores locais ainda incrédulos com o fato de uma aeronave ter se acidentado tão perto da casa deles.

"Passei uma madrugada agitada com tanta gente que passou por aqui. Foi difícil dormir com tanto barulho das viaturas e dos caminhões", disse Isabel Matos Pacheco, 41, que vive em frente ao condomínio.

Pacheco afirmou que estava ali em frente ao condomínio para se solidarizar com as pessoas e agradecer a Deus pelo fato de o avião não ter caído em sua residência.

Isabela Camargo, 25, mora em Vinhedo, mas longe do local do acidente. Na manhã deste sábado, ela visitou o tio, que vive nas imediações do condomínio, para tentar ver de perto o acidente que abalou a cidade.

"Eu cheguei a escutar o barulho do acidente na tarde de ontem. Soube que foi perto da casa do meu tio, que ficou desesperado na hora do acidente. Fiquei hoje curiosa e vim ver meu tio e o local do acidente", contou Camargo.

Uma família de Curitiba que está visitando Jarinu (SP), cidade a cerca de 42 km de Vinhedo, pegou a estrada na manhã deste sábado só para ver de perto o local do acidente. Curiosos, mas envergonhados, não quiseram se identificar e buscavam informações de como foi o momento da queda do avião com moradores locais que testemunharam a cena.

Além da movimentação de viatura e veículos das equipes que trabalham no local do acidente, a rua que dá acesso ao condomínio também está congestionada com carros de curiosos que param em frente ao Recanto Florido para tirar fotos.

Mas nem só curiosos estão de plantão em frente ao condomínio. Alguns vizinhos do condomínio resolveram se solidarizar com os profissionais presentes. Uma mulher, que não quis se identificar, preparou chá de gengibre para esquentar os profissionais da imprensa que trabalhavam no local.

"Não quero dizer meu nome para não falarem que estou aparecendo. Quero apenas ajudar os presentes. O bairro todo está muito abalado", disse.

Dentro do condomínio, os moradores também se uniram para arrecadar água potável e alimentos para as equipes de resgate que trabalharam durante toda a madrugada sob chuva e frio intenso.

"Os moradores fizeram pontos de apoio para as equipes de resgate com água e mantimentos. As padarias e restaurantes da região também nos ajudaram fornecendo alimentos", contou Roberta Henrique, 38, presidente da associação de moradores locais.

COMO OCORREU O ACIDENTE

Avião decolou às 11h50 de Cascavel (PR) e pousaria às 13h45 em Guarulhos (SP), segundo o FlightAware. O modelo ATR-72 pertencia à Voepass Linhas Aéreas e tinha capacidade para 68 passageiros.

Aeronave despencou quase 4 mil metros em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4 mil pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.

58 passageiros e 4 tripulantes estavam no avião. A lista com os nomes foi divulgada pela empresa responsável pelo voo, a Voepass (confira a lista completa abaixo).

Aeroporto de Cascavel está em contato com famílias de possíveis vítimas. Em nota, o Aeroporto Regional de Cascavel informou que a Voepass é o único órgão que tem informações oficiais sobre o caso. Já a companhia disse ter acionado todos os meios para apoiar os envolvidos e que "não há confirmação de como ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo".

Casas foram atingidas após a queda do avião da Voepass. A informação foi confirmada pela Defesa Civil de São Paulo, que enviou uma equipe ao local. O Corpo de Bombeiros mandou sete equipes e confirmou que a queda ocorreu na rua João Edueta. Em imagens gravadas por moradores da região do Distrito Industrial, é possível ver o momento em que a aeronave despenca.