Governadores rechaçam invasão de hospitais e ações da PF em carta a Bolsonaro
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Governadores de nove estados que compõem o Consórcio Nordeste lançaram uma carta contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizendo que "não é invadindo hospitais e perseguindo gestores que o Brasil vencerá a pandemia" e chamando de "ações espetaculares" as recentes operações policiais contra chefes do Executivo estadual.
"Após ameaças políticas reiteradas e estranhos anúncios prévios de que haveria operações policiais, intensificaram-se as ações espetaculares, inclusive nas casas de governadores, sem haver sequer a prévia oitiva dos investigados e a requisição de documentos", afirma o texto.
"É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados, e governadores de tudo saberiam, inclusive quanto a produtos que estão em outros países, gerando uma inexistente responsabilidade penal objetiva."
A carta segue dizendo que essas operações da Polícia Federal produzem duas consequências imediatas. "A primeira, uma retração nas equipes técnicas. [...] A segunda, a condenação antecipada de gestores, punidos por espetáculos na porta de suas casas e das sedes dos governos".
O documento critica a fala recente de Bolsonaro na qual ele estimula a população a invadir hospitais para filmar leitos.
"O governo federal adotou o negacionismo como prática permanente, e tem insistido em não reconhecer a grave crise sanitária enfrentada pelo Brasil, mesmo diante dos trágicos números registrados, que colocam o país como o segundo do mundo, com mais de 800 mil casos", diz o documento, referindo-se ao número de infectados pelo novo coronavírus no país.
"No último episódio, que choca a todos, o presidente da República usa as redes sociais para incentivar as pessoas a invadirem hospitais, indo de encontro a todos os protocolos médicos, desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde."
A carta é assinada pelos governadores Rui Costa (BA), Renan Filho (AL), Camilo Santana (CE), Flávio Dino (MA), João Azeredo (PB), Paulo Câmara (PE) Wellington Dias (PI).
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