Homem é agredido por PM em estação de trem de SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um homem de 22 anos foi agredido por um policial militar com um golpe de cassetete no rosto na noite de sexta-feira (30) ao tentar embarcar em um trem na estação Brás da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na região central de São Paulo.
Após ser atingido na boca, o empacotador Daniel Nunes desmaiou. Mesmo inconsciente e sangrando, um vídeo mostra ele sendo arrastado pelos braços por um agente de segurança da CPTM e por uma outra pessoa até uma sala. A agressão também foi registrada em vídeo.
Antes da agressão, Nunes estava bebendo cerveja e fumando um cigarro dentro da estação, o que é proibido.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, na ocasião, seis homens e quatro mulheres chegaram à estação de trem com cigarros e bebidas e foram informados por seguranças do local, sobre a proibição do uso nas dependências da estação. "Após um tumulto, agentes de segurança da CPTM e da Polícia Militar precisaram conter um dos homens, de 22 anos, que estava alterado".
Tanto a PM como a CPTM afirmaram apurar os fatos.
Nunes confirmou ter entrado na estação com uma cerveja, mas afirmou que foi agredido sem justificativa. Ele contou que já havia passado pela catraca e aguardava o trem, quando dois seguranças se aproximaram. Um dos funcionários teria pedido para que jogasse a cerveja fora.
"Eu joguei fora na mesma hora. Um desconhecido veio falar umas coisas para mim lá e nós começamos a discutir, mas não houve agressão nem da minha parte e nem da do desconhecido". Nunes acrescentou que um amigo separou a discussão e que ele se afastou. Nesse instante ele relatou ter ascendido um cigarro.
Os seguranças então teriam retornado e o repreendido pelo cigarro. Nesse momento teriam começado as ameaças de agressão e os xingamentos por parte dos agentes da CPTM. "Eu apaguei o cigarro e mesmo assim mandaram a gente se retirar da estação. Eu neguei, porque eu já tinha jogado a cerveja fora e já tinha apagado o cigarro e também porque eu paguei a passagem".
Conforme Nunes, os seguranças começaram a puxar o grupo com a intenção de tirá-los da estação. "Nós resistimos apenas sair de lá, mas não agredimos ninguém".
Foi a partir daí que as agressões tiveram início, ainda de acordo com ele.
Um vídeo registrado por uma testemunha mostra o momento em que um policial militar vai até a direção de Nunes e o atinge com um golpe de cassetete no rosto. Nunes caiu desacordado no chão. Imóvel, ele recebe um golpe nas costas de um agente de segurança da CPTM. O mesmo funcionário então se ajoelha por sobre as costas do empacotador.
Pela imagem é possível ver quando o agente de segurança e um outro homem não identificado erguem Nunes pelos braços e o arrastam por alguns metros até uma sala, momento que uma nova confusão se forma na entrada do ambiente. "Fui arrastado como um saco de lixo", disse ele.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que Polícia Militar analisa as imagens e tomará as medidas cabíveis caso seja apurado irregularidade na conduta do policial. O caso foi registrado como lesão corporal no 8° DP (Brás).
Ainda de acordo com a SSP, o jovem passou por exame de corpo de delito e foi orientado quanto ao prazo para representação criminal.
"A dentista já falou que eu vou perder três dentes. Eu vou precisar fazer implante e nem dinheiro eu tenho para isso, estou pedindo ajuda para os amigos e família. Eles tiraram o meu direito de sorrir, a minha autoestima e a minha dignidade", contou para a Folha.
Em nota, a CPTM disse que os seguranças atuaram em atendimento à ocorrência de consumo de bebida alcoólica e cigarros dentro da estação por cerca de 10 passageiros, o que é proibido. "Ao ser conduzido para sair do sistema, o grupo reagiu contra os agentes e um deles foi imobilizado por um policial militar, que patrulhava a região. Um passageiro teve ferimentos na boca e foi encaminhado ao Pronto-Socorro da Mooca.
"A companhia reitera que não tolera qualquer tipo de violência nos trens e estações, seja por parte de seus colaboradores ou passageiros que utilizam o sistema. As abordagens realizadas na CPTM são apuradas e, caso sejam constatadas irregularidades na conduta dos colaboradores diretos da companhia, são aplicadas medidas administrativas que vão de advertência até demissão".
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