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Indignação marca velório de arquiteto morto após atropelar assaltante em SP

Por Folha de São Paulo

03/04/2025 18h15 — em
Variedades


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ITAPECERICA DA SERRA, SP (FOLHAPRESS) - Dezenas de amigos e familiares acompanharam o enterro do arquiteto Jefferson Dias Aguiar, 43, no cemitério Parque dos Ipês, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, na manhã desta quinta-feira (4). Durante a cerimônia, os presentes se mostraram indignados com o assassinato.

Jefferson foi morto com um tiro no pescoço na tarde de terça-feira (1º) após atropelar um suspeito de roubar uma mulher no Butantã (zona oeste de SP).

"Ninguém faz nada. Ninguém tá nem aí com nada", lamentou o tio Jucier de Aguiar, 60. Segundo ele, o sobrinho não concordava com injustiça.

"Daqui a dois meses, esses responsáveis estão na rua de novo. Eles têm proteção. Sabe quem não tem? Nós. No dia que pararmos de votar em bandido, vamos evoluir em alguma coisa", desabafou o tio.

Manoel Messias, primo do arquiteto, disse clamar por justiça agora, assim como lutou por justiça quando o pai do arquiteto foi assassinado dentro do comércio que trabalhava —ele foi morto com três tiros quando Jefferson tinha 7 anos.

"Estamos atrás de justiça com esse grande sofrimento. Não é brincadeira uma coisa dessa, mas nossa Justiça não combate a violência", disse Messias, que afirmou ter esperança de que os assaltantes sejam presos em breve.

"A mãe vai ter que enterrar o próprio filho e os responsáveis estão impunes", disse o motoboy César, que preferiu não informar o sobrenome.

Jefferson estava casado havia um ano e há três semanas tinha se mudado com a mulher para uma casa maior, com o sonho de ter filhos.

"Nunca imaginava que isso aconteceria, ele sempre me ajudava", disse o amigo de infância Sidney da Fonseca. "Ele tinha sonho de ser pai", completou.

O arquiteto Júlio Beraldo, 41, conheceu Jefferson durante uma viagem para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, há sete anos. Além da profissão, ele disse que ambos tinham gostos parecidos e costumavam andar de bicicleta juntos.

"Foi um choque, nunca estamos preparados para isso. Está complicado, virou uma coisa banal a morte", lamentou ele.

O CRIME

Jefferson trafegava de carro com um colega pelo Butantã quando viu uma mulher sendo assaltada na rua Desembargador Armando Fairbanks. Imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas apontam que ele acelerou em direção ao criminoso, atingindo-o e fazendo com que ele caísse da moto.

O motociclista fugia pela calçada e foi atropelado na esquina do mesmo quarteirão onde havia acabado de fazer o assalto.

Um vídeo mostra que o arquiteto abre a porta do carro logo após acertar o assaltante. O criminoso levanta rapidamente e atira em Jefferson, que morre no local.

O ladrão foge do local, deixando a moto. A polícia afirma já ter identificado os suspeitos do crime, que ainda não foram presos.


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