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Jardim Botânico do Rio cria memorial em homenagem a escravizados

Por Folha de São Paulo

04/12/2024 9h30 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Jardim Botânico do Rio de Janeiro inaugurou na semana passada um novo espaço para homenagear a contribuição de homens e mulheres negros ao local, um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade.

Para isso, o Memorial das Mãos Negras exibe o nome de 51 homens, mulheres e crianças escravizados que trabalharam na construção do Jardim Botânico na primeira metade do século 19.

A obra busca promover a valorização histórica e cultural desses trabalhadores negros, criando um espaço de memória e reflexão. Ele fica entre o museu do Jardim Botânico e a biblioteca Barbosa Rodrigues.

O memorial conta com placas sobre a história dos trabalhadores negros e o contexto da construção do Jardim Botânico. O local também terá um espaço expositivo para artistas negros, além de jardineiras com plantas ritualísticas e de origem africana, escolhidas para valorizar a ancestralidade e as tradições culturais afro-brasileiras.

"Todas as pessoas carecem de autoria, de realização e de reconhecimento. Sem reconhecimento, a gente não consegue se constituir culturalmente, socialmente e moralmente", afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante a inauguração.

O presidente do Jardim Botânico, Sergio Besserman Vianna, disse que também estão previstas a realização de pesquisas científicas sobre o tema.

"Entregamos mais do que uma obra, entregamos a realização de um sonho em comum", disse o coordenador de engenharia, restauração e manutenção do Jardim Botânico, Marcelo Ferreira.

O professor babalawô Ivanir dos Santos falou em nome da Comissão Consultiva do projeto. "Esse momento mostra que vale a pena estarmos juntos, dialogarmos e construirmos uma sociedade plural, com respeito à diversidade".

Ivanir dos Santos também conduziu o ato interreligioso no interior do memorial, que também contou com a participação de um rabino, um padre e um pastor.

O Jardim Botânico, fundado em 1808 por dom João, então príncipe regente de Portugal, é famoso pela importância de suas coleções de plantas e por sua paisagem. O parque fica no bairro homônimo, na zona sul da capital fluminense.


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