Jovem acusa PMs de espancamento no RJ; uma das vítimas está em coma
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Dois amigos que retornavam em uma moto de um bar em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, afirmam ter sido espancados por policiais militares, de acordo com denúncia feita à corregedoria da corporação nesta quarta-feira (2).
O caso teria ocorrido na madrugada da última segunda (30), próximo à comunidade Jardim Catarina. Um dos jovens, de 26 anos, está em coma induzido no Hospital Estadual Alberto Torres. O outro, de 25, se recupera em casa. Ele teve o rosto desfigurado e sofreu cortes profundos no joelho e na perna.
A Polícia Militar afirma que a corregedoria instaurou um procedimento para apurar o caso. Em nota, diz que "não compactua com cometimento de crimes por parte de seus entes e reforça o compromisso de identificar e punir os desvios cometidos pelos policiais militares, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos".
Com dificuldade para falar, o jovem, que não quis se identificar, contou à reportagem como foi a abordagem. Disse que ele e o amigo estavam na BR-101 e pegaram um retorno para o Jardim Catarina quando se depararam com três viaturas. Segundo ele, os PMs os derrubaram da moto e, sem pedir documento ou qualquer outra coisa começaram a agredi-los com com chutes no rosto.
Ainda de acordo com seu relato, ele conseguiu levantar e correr e tentou buscar ajuda. Quando voltou, viu o amigo sendo colocado em uma ambulância. O jovem diz estar com muitos pontos na boca e no supercílio e que também tem sentido dificuldade para respirar.
O advogado Daniel Sanchez Borges, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), defende as vítimas. Ele acompanhou o depoimento na corregedoria de uma familiar do jovem que está internado. Segundo ela, os dois caíram da moto quando um policial apontou um fuzil para a moto em que eles estavam.
"Os policiais, ao verem os dois caídos no chão, agrediram ambos com chutes no rosto", diz trecho do documento.
Ainda segundo o relato, a namorada de um dos jovens estava logo atrás em outra moto, mas o motociclista, que seria uber, não quis parar.
No hospital, os médicos disseram que o jovem foi socorrido por bombeiros e permanece em coma induzido.
A corregedoria da PM apura quais policiais estavam no local. Todos os agentes são obrigados a usar câmeras corporais, e as viaturas também possuem localizadores.
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou, o Ministério Público do RJ utilizou a tecnologia para indiciar PMs por crimes no exercício da função.
Desde 2021 o estado tem uma lei que determina a instalação de câmeras no uniforme de policiais, mas que só passou a ser cumprida em sua totalidade após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em janeiro deste ano.
De acordo com a Promotoria, em alguns casos os policiais passaram a tapar ou deixar o equipamento dentro da viatura. Também há casos de agentes que usam cabos de celular para descarregar a bateria do aparelho.
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