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'Justiça seria Marielle e Anderson presentes', diz juíza na sentença de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz

Por Folha de São Paulo

31/10/2024 19h15 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Justiça seria Marielle e Anderson presentes", disse a juíza Lúcia Glioche ao fim da sessão no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro que condenou Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelos assassinatos da vereadora e seu motorista, nesta quinta-feira (31).

"Vítimas do crime de homicídio são aqueles que ficam vivos", seguiu, "precisando sobreviver no esgoto que é o vazio de permanecer sem a vida daquele que foi arrancado de seu cotidiano".

A sentença, para ela, não serve para tranquilizar os mais afetados pelo caso: Marinete (mãe de Marielle Franco), Anielle (irmã), Mônica (viúva), Luyara (filha), assim como Ágatha, esposa de Anderson Gomes, e Arthur, filho dele.

"Fica aqui para os acusados presentes, e serve para os vários Ronnies e vários Élcios que existem por aí soltos a seguinte mensagem: 'A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra é injusta, é errada, é torta. Mas ela chega'", disse a magistrada.

"A Justiça chega mesmo para aqueles, como os acusados, acham que jamais vão ser atingidos pela Justiça. Com toda dificuldade de ser interpretada e vivida pelas vítimas, a Justiça chega aos culpados e tira deles o bem mais importante depois da vida, que é a liberdade. A Justiça chegou para os senhores, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz."

Após mais de seis anos de investigações, os ex-policiais Lessa e Élcio foram condenados nesta quinta pelos assassinatos, que aconteceram em março de 2018, no Rio.

Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, além de 30 dias-multa. Élcio foi sentenciado em 59 anos e 8 meses, além de 10 dias-multa. Como ambos fizeram delação, eles não devem cumprir toda a sentença.

A pena estabelecida pelo tribunal só será aplicada integralmente caso haja descumprimento do acordo de colaboração premiada que ambos assinaram. A rescisão da delação ocorre em casos como identificação de alguma mentira, omissão ou cometimento de novo crime.

O acordo de Lessa prevê o cumprimento de pena em regime fechado até março de 2037 --18 anos na cadeia contados a partir da data da prisão, em 2019. Depois estão previstos dois anos em regime semiaberto e outros dez em livramento condicional. Os 30 anos se referem aos 12 processos a que ele responde. A reunião das penas será feita pelo juízo de execução penal.

Os detalhes do acordo de Élcio não são de conhecimento público.

Eles foram condenados a pagar uma indenização por dano moral de R$ 706 mil para parentes das vítimas.


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