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Laboratório do caso de órgãos transplantados com HIV atendia emergências em Nova Iguaçu

Por Folha de São Paulo

14/10/2024 13h00 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O PCS Lab Saleme, laboratóiro que emitiu supostos laudos falsos que resultaram no transplante de órgãos infectados com HIV, também manteve contrato para a administração de três UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) em Nova Iguaçu (RJ). Os contratos eram firmados com uma OSS (Organização Social de Saúde), que prestava os serviços para a rede municipal de pronto atendimento de saúde no município.

A organização afirma ter pedido o distrato na quinta (11), quando foi notificada pela prefeitura. O distrato é o processo acordado entre todas as partes envolvidas para formalmente encerrar um contrato.

Assim, sobe para 17 o número de hospitais públicos atendidos pelo laboratório investigado pela contaminação de seis pessoas com HIV após transplante de órgãos. Reportagem anterior da Folha de S.Paulo mostrou que a PCS Lab Saleme atendia a 14 centros de saúde estaduais, de unidades especializadas em transplantes, problemas cardíacos e até um centro psiquiátrico no centro do Rio de Janeiro.

Em um dos contratos, que tinha vigência até agosto de 2025, a PCS Lab Saleme era responsável por atender exames de rotina, urgência e emergência durante 24 h nas UPAs Austin Dr. Moacyr A. de Carvalho, Dra. Gisele Palhares Gouvêa e Comendador Soares, todas em Nova Iguaçu.

A informação sobres os contratos foi confirmada por um representante jurídico da OSS Positiva (Instituto Positiva Social) à Folha.

A estimativa do próprio laboratório era de 5.000 exames mensais por unidade. Apenas neste contrato, o valor estimado dos pagamentos era de R$ 79 mil mensais, com abertura para acréscimos ao decorrer dos procedimentos.

Em outro, firmado em 2023 e expirado em abril, o valor pelo atendimento era de R$ 50 mil mensais. Nos dois casos, os contratos estabeleciam que deveriam ser feitos exames e coleta de sangue para posterior análise médica.

Os documentos são assinados por Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro e deputado federal Dr. Luizinho, atual líder do PP (Progressistas) na Câmara dos Deputados.

Outro sócio da PCS Saleme, Walter Vieira, preso nesta segunda (14), é médico ginecologista concursado de Nova Iguaçu e exercia o cargo não remunerado como presidente do Comitê Gestor de Vigilância e Análise do Óbito Materno Infantil e Fetal do município. Após as denúncias, ele foi afastado da posição.

A Polícia Civil ainda cumpre 11 mandados de busca e apreensão e quatro prisões no Rio de Janeiro e Nova Iguaçu. Dois suspeitos ainda estão foragidos.

Em nota, a defesa de Walter e Mateus Vieira, outro sócio da instituição, disse repudiar a "suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos" e que ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.

O município da Baixada Fluminense começou nesta segunda (14) uma busca por pacientes à espera dos resultados de exames feitos no laboratório. Até agora, nenhuma vítima compareceu.

Os agendamentos também estão sendo reprogramados e um novo laboratório será contratado para o serviço, afirma em nota a prefeitura da cidade. A Polícia Federal também investiga o caso.


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