Lanche enviado para vítima de bolo envenenado no hospital passa por perícia no RS
BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul está analisando o lanche enviado por Deise Moura dos Anjos para a sogra, Zeli dos Anjos, no hospital. A nora é a principal suspeita do caso de envenenamento e morte de quatro pessoas da mesma família com arsênio, em Torres (RS).
Segundo o IGP, estão sendo analisados os seguintes itens: um torrone; quatro bombons, quatro barras de cereal; um pacote de biscoito; um chiclete; uma garrafa de suco; um pastel; e um canudo. Eles foram enviados por Deise para o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, onde a sogra esteve internada. Zeli teve alta na última sexta-feira (10) após 18 dias internada.
Ainda não há previsão para a conclusão dos laudos periciais. O órgão afirma que a investigação segue protocolos técnicos rigorosos para identificação de substâncias tóxicas.
Suspeita é que Deise tenha envenenado farinha usada em bolo com arsênio. Grandes concentrações da substância foram encontradas no doce e no sangue das vítimas e dos familiares hospitalizados após o consumo, segundo as investigações. Ela está presa temporariamente por 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.
"Não há chances de que a causa da morte tenha sido por contaminação natural", afirmou chefe de perícia. Segundo Marguet Mittmann, diretora do Instituto-Geral de Perícias, "as provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio" e que a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa de Zeli.
Antes do envenenamento, Deise teria pesquisado "arsênio e similares" na internet. Segundo um relatório preliminar das investigações, as buscas foram descobertas após extração dos dados do celular da suspeita.
'HOMICÍDIOS EM SÉRIE"
Investigadores também coletaram provas com "fortes indícios" de que Deise praticava "homicídios em série". Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ela foi autora da morte por envenenamento de quatro familiares, entre setembro e dezembro do ano passado. Ela também é investigada por outras tentativas de homicídio na família, segundo divulgado pelos investigadores na última sexta (10).
Além das três familiares mortas em dezembro, Deise teria envenenado, também com arsênio, o sogro, Paulo dos Anjos, 68, morto em setembro de 2024. Na época, ele foi internado após comer bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora Deise. A morte dele foi registrada como complicações de uma infecção intestinal.
Procurada na segunda (13), antiga defesa de Deise informou que deixou o caso, sem informar motivo da decisão. No início de janeiro, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza divulgaram em nota que prestaram "atendimento em parlatório" à suspeita e que não tiveram "acesso integral à investigação em andamento, razão pela qual [a defesa] se manifestará em momento oportuno".
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