Operação em 7 estados mira rede de crimes de ódio contra menores na internet
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SÃO PAULO, SP, BRASÍLIA, DF E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou operação na manhã desta terça-feira (15) contra uma das maiores organizações criminosas do país voltadas à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. Agentes da DCAV (Delegacia da Criança e dos Adolescente Vítima) fazem diligências em em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.
Todos os alvos foram encontrados: dois homens foram presos e sete adolescentes, apreendidos, segundo a Polícia Civil.
A operação, batizada de Adolescência Segura, cumpre mandados de prisão temporária e de busca e apreensão, além de internação provisória de adolescentes infratores, e conta com apoio de policiais civis de sete estados e do Ciberlab (Laboratório de Operações Cibernéticas), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo o delegado Cristiano Maia, responsável pela investigação, entre os crimes apurados, estão tentativa de homicídio, induzimento e instigação ao suicídio, armazenamento e divulgação de pornografia infantil, maus-tratos a animais, apologia ao nazismo e crimes de ódio em geral.
"Os principais integrantes eram chamados de oradores e conduziam os desafios pela internet. Além disso, muitas vezes não fazem só desafios, mas conseguem uma foto e começam a fazer chantagem para que essa criança ou adolescente cometa maus-tratos contra animais ou contra si", disse. Ainda de acordo com o investigador, também havia o incentivo à pornografia infantil.
As investigações começaram em 18 de fevereiro deste ano, quando um homem em situação de rua foi atacado por um adolescente com dois coquetéis molotov quando dormia. Ele teve 70% do corpo queimado. Um soldado do Exército filmou o crime e transmitiu em tempo real em uma plataforma online. O suspeito de atear o fogo é um menor, de 17 anos. O morador ainda está internado.
"Foi transmitido para 120 pessoas. Um deles, nessa plataforma, ainda disse 'não faz agora (atear fogo) porque a minha internet está instável'. É de grande frieza e crueldade imensa", disse o delegado.
A polícia ressaltou a importância da supervisão do uso da internet por jovens. "Fiquem de olho no que seus filhos estão fazendo na internet, nos celulares, nos computadores, porque o perigo entra na sua casa sem que você perceba e, muitas das vezes, pode ser tarde demais", disse o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, em coletiva.
Ainda segundo Curi, os detidos estavam planejando um ataque a uma passeata gay no Rio de Janeiro.
Policiais da DCAV descobriram que o ataque não foi um fato isolado. "Os administradores do servidor utilizado no crime compunham verdadeira organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos tendo como principais alvos, crianças e adolescentes", afirmou a Polícia Civil.
A atuação também chamou a atenção de duas agências independentes dos Estados Unidos, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso.
A investigação aponta que os criminosos atuavam em diferentes plataformas digitais, utilizando mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes.
"A operação Adolescência Segura representa um marco significativo no combate à criminalidade digital no Brasil e reafirma o compromisso da Polícia Civil com a proteção dos direitos fundamentais da infância e da juventude, conforme prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)", afirmou a Polícia Civil.

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