Polícia afirma que mãe suspeita de matar filhas gêmeas pode ter premeditado crime
MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil do Rio Grande do Sul disse acreditar que Gisele Beatriz Dias, presa temporariamente sob suspeita de matar suas duas filhas gêmeas em um intervalo de oito dias, premeditou o crime e testou o envenenamento em animais domésticos três meses antes.
O caso aconteceu no município de Igrejinha (90 km de Porto Alegre). Segundo a polícia, ainda antes de ser presa, a suspeita negou em depoimento ter ligação com a morte e afirmou apenas que as filhas estavam na cama e morreram. Após a prisão, ela ainda não foi ouvida, pois os investigadores aguardam os laudos periciais.
Gisele ainda não constituiu defesa no processo.
O pai das crianças, que vivia na mesma casa com Gisele e as filhas, prestou depoimento e não é suspeito de envolvime nto no caso. Segundo a corporação, somente a mãe estava em casa nas duas mortes.
Uma das crianças, que se chamava Manoela, morreu no último dia 7. A outra, Antonia, morreu nesta terça-feira (15). Elas tinham seis anos de idade. Nelas, não foram encontrados sinais aparentes de violência, embora as duas apresentassem quadros semelhantes, com parada cardiorrespiratória.
O casal tem uma terceira filha, de 19 anos, que também prestou depoimento. Além das gêmeas, o único filho homem morreu há cerca de dois anos, o que teria desencadeado uma ideação suicida em Gisele.
Ela apresentou quadro de delírio e ficou internada em uma clínica psiquiátrica por cerca de 40 dias antes de voltar ao convívio da família duas semanas antes da morte das filhas. Prontuário dessa internação, verificado pela polícia, indicava que a mãe apresentava uma conduta perversa.
O delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari, que preside o inquérito, afirmou à Folha que a única filha sobrevivente do casal disse, em depoimento, que o pai seria incapaz de participar do crime, mas que a mãe poderia tê-lo feito.
Ela acrescentou que a mãe colocava remédio na comida do pai para que ele dormisse após conflitos. Além disso, três gatos da família, pertencentes às gêmeas, apareceram mortos no interior de casa, sem causa justificada.
Por causa disso, uma vez que os animais não saíam de casa, a investigação aponta para uma possível premeditação e testagem do envenenamento nesses animais.
Ainda segundo Caliari, o colégio onde as meninas estudavam informou que o pai era sempre presente e afetuoso, mas a mãe era distante.
No decorrer das investigações, também foi descoberta uma acusação de estupro feita pela mãe contra o pai das meninas. Na época da denúncia, os dois estavam separados.
Gisele morava em Taquara (RS) com seus pais, e o esposo morava em Igrejinha com as filhas após obter a guarda delas por ordem judicial --as meninas estavam em um orfanato porque a mãe, à época em Santa Maria (RS), as havia deixado com uma vizinha por estar em isolamento, com tuberculose, e essa vizinha as entregou.
Conforme o processo, as gêmeas tiveram a guarda revertida para a mãe, mas o inquérito apontou que elas foram induzidas a afirmar que houve o abuso sexual e que a mãe somente queria conseguir a guarda delas. O pai teve a inocência provada por laudo pericial.
O IGP (Instituto Geral de Perícias) ainda vai entregar um laudo com a causa da morte das gêmeas, mas não há prazo para que isso aconteça. Estão sendo examinados alimentos encontrados na casa da família e amostras extraídas do corpo das vítimas.
O comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Igrejinha, Graciano Ronnau, disse que foi o pai que acionou o socorro nos dois casos.
Por meio de nota, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Igrejinha afirmou que não recebeu denúncias ou relatos de maus tratos envolvendo as gêmeas.
"Tomamos conhecimento da situação pela imprensa e vamos averiguar se houve, por parte do conselho tutelar, a violação do dever legal de proteger as infantes, nos termos da lei, pois não toleramos qualquer violação de direitos", diz a nota.
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