Policiais envolvidos em ação que deixou mulher baleada no Rio não usaram câmeras
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Os policiais militares envolvidos em ação que deixou uma mulher baleada na zona norte do Rio de Janeiro na noite de quinta-feira (21) não fizeram uso de câmeras corporais no momento da abordagem, segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar. A pasta, contudo, não esclareceu se os dispositivos estavam desligados ou se os agentes não estavam com eles acoplados a seus uniformes.
Sara Regina Cardoso Coelho, 28, estava acompanhada do marido, Uedson Mendonça Carvalho, quando o veículo deles foi atingido por disparos na rua Silva Rabelo, no Méier. Ela acabou baleada. Seu marido, que conduzia o carro, afirma que os tiros partiram de policiais militares que estavam de serviço.
A mulher voltava do hospital onde havia visitado a filha de cinco anos, internada com uma infecção.
Procurada pela Folha neste sábado (23), a Secretaria de Estado de Polícia Militar disse, em nota, que o comando da corporação e a Corregedoria vão apurar "o motivo pelo qual os policiais militares não estavam utilizando as câmeras corporais".
"Cabe informar que o uso das câmeras corporais é obrigatório por todos os agentes no momento que os militares assumem o serviço de policiamento ostensivo para o qual estão escalados", continua a nota.
A secretaria não esclareceu, contudo, se as câmeras estavam desligadas ou se os policiais não estavam com elas acopladas em seus uniformes.
A corporação disse também que "colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil".
O carro foi atingido quando ele estava parado em um semáforo e ficou com pelo menos cinco perfurações. Uma moradora do bairro afirmou que os disparos ocorreram por volta das 17h30.
Segundo a Polícia Militar, o carro do casal ficou na linha de tiro durante uma abordagem a outro veículo. "Os ocupantes do veículo reagiram e houve confronto. No local, a passageira de um veículo próximo foi atingida e socorrida ao Hospital Salgado Filho. O fuzil utilizado pelo policial foi acautelado pela Polícia Civil", disse a corporação.
Os policiais não se feriram e tiros também não atingiram a viatura.
A investigação irá apontar se realmente havia suspeitos no local, se houve troca de tiros e de onde partiram os disparos que atingiram o carro do casal.
De acordo com o marido, ele socorreu Sara ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Segundo a unidade, ela foi baleada no abdômen e precisou passar por cirurgia para a retirada de estilhaços. A família afirma que ela perdeu parte do intestino. O casal tem dois filhos, de 5 anos e 1 ano.
"Vamos acompanhar as investigações da Polícia Civil. De qualquer forma, entendemos que existe uma responsabilidade subjetiva do Estado", afirmou o advogado do casal, Jairo Magalhães.
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