Prefeitura do Rio retira homenagem a crianças mortas e mantém a de policiais assassinados
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Prefeitura do Rio de Janeiro retirou neste domingo (29) uma homenagem na Lagoa Rodrigo de Freitas a 49 crianças mortas por bala perdida no estado.
A ação é da ONG Rio de Paz, que denunciou o caso em suas redes sociais. No local, também estão cartazes com homenagens a policiais assassinados no estado. Estes, porém, não foram retirados pela prefeitura.
Procurado, o município disse, em nota, que retirou o material por não ter sido consultado pelos organizadores sobre a autorização de sua exposição em um local público.
"O município tem total interesse em combater a violência, prestar justas homenagens às suas vítimas e está aberto para debater qualquer tipo de iniciativa, desde que seja previamente consultado", informa a prefeitura.
A gestão ainda relata que "avalia a pertinência" de manter a homenagem no local aos policiais," que também é justa e necessária".
A ONG afirmou que o mural existe desde 2015, é atualizado sempre que há novos casos e que a prefeitura tinha ciência dele. A entidade ainda cita um trecho de um documentário em que o prefeito Eduardo Paes (PSD) comenta sobre a homenagem.
"Por que essa exigência [de pedir autorização] somente agora que colocamos as fotos das crianças e não quando eram as placas com seus nomes?", questiona a ONG.
As homenagens com foto das crianças foram colocadas junto dos familiares das vítimas no último sábado (28), em substituição a cartazes que mostravam os nomes delas e as circunstâncias de suas mortes.
Na ocasião, também foi pendurada uma faixa que se referia ao período do governador Cláudio Castro (PL) à frente do estado: "Rio (2020-2024): 49 crianças mortas por balas perdidas". Esse protesto também foi retirado pela prefeitura.
A ONG diz que acompanha os casos desde 2007 e que, desde então, 115 vítimas, de 0 a 14 anos, foram mortas por armas de fogo, a maioria por bala perdida e moradora de favela.
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