Primeiro dia do Favela Gastronômica reúne centenas de pessoas na zona norte do Rio
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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O primeiro dia da segunda edição do Favela Gastronômica reuniu centenas de pessoas na praça de Inhaúma, na zona norte do Rio de Janeiro, neste sábado (12). O evento levou ao público pratos de chefs e empreendedores do ramo alimentício que moram ou têm restaurantes em comunidades da cidade. A feira, que conta com samba em apresentações ao vivo, continua no domingo (13).

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Às 11h, logo no início da feira, Ivanete Pereira, 68, já estava marcando presença na barraca de Açaí da Lili, a empreendedora Leilane de Freitas, que fundou a marca há cinco anos.
"Já quero voltar amanhã. Tem bastante comida e estou encontrando um monte de amigas", disse a aposentada que mora no Complexo do Alemão, na região do Campo do Sargento.
A operadora de caixa Gilmara Gomes, 41, é uma das amigas que Ivanete encontrou. Ela, que também ainda não conhecia o evento, ficou surpresa com a estrutura e a quantidade de pessoas que estavam no local desde cedo.
"É muito importante ter espaços como esse para a integração da comunidade, principalmente para a geração mais jovem, tendo acesso ao que o empreendedorismo pode nos levar", afirmou Gilmara.
"Meu sonho é fazer gastronomia, então quem sabe nas próximas edições eu não possa ser uma das empreendedoras", relata a moradora da Fazendinha.
O Dj Rafael Bael foi quem começou o agito do som. Em seguida, o cantor e compositor Xandd Black se apresentou, fazendo o público cantar clássicos do samba e do pagode.
A pequena Isabelly de Carvalho,7, já entrou na praça acompanhada do pai fazendo vídeos para as redes sociais para chamar os amigos e a família.
"Fiz surpresa para ela não ficar ansiosa, agora está toda animada. Isso aqui é ótimo para a nossa comunidade", disse o vigilante Emmanuel de Carvalho, 41. Os dois moram em Nova Brasília.
E não foram só os moradores do Complexo que tiraram o sábado para curtir o Favela Gastronômica. Djamila Santana, 35, levou os pais Vânia Xavier, 64, e Dailton Santana, 67, para almoçarem com ela.
"Viemos do Irajá [na zona norte] para aproveitar o dia aqui em Inhaúma. Vimos a divulgação do evento e ficamos animados, está uma delícia a comida", contou a advogada.
Além das barracas de comida, vendidas por até R$ 20, a feira conta com o espaço do Cozinha Show com palestras e oficinas de culinária.
Neste sábado, as apresentações começaram com a chef Kátia Barbosa cozinhando um "arroz Maria Isabel", à base de carne de sol e abóbora.
O evento também dispõe de diferentes ações espalhadas pela praça, comdistribuição de brindes como boné, camiseta, talheres, vale-sobremesa e comida para serem consumidas na própria feira. As crianças podem aproveitar o espaço kids com camas elásticas. No local, alguns espaços "instagramáveis" são reservados para fotos.
Para Daniella Fonseca, moradora da região da Alvorada, a participação na feira está sendo um desafio. "Larguei a vida de comerciante e comecei a empreender há quatro meses, quando abri o restaurante Tempero de Vó lá na comunidade. Estou aqui com a cara e a coragem, mas confiante de que vai dar tudo certo", conta a nova empreendedora, que levou os filhos e a nora para ajudarem nas vendas.
Já Raphael Rezende, morador do Morro do Adeus, que está participando do evento pela segunda vez, não se imagina fazendo outra coisa.
"Sempre fui empreendedor, mas com a minha hamburgueria estou trabalhando há cinco anos. Antes eu trabalhava como ambulante nas praias, agora não quero mais largar a vida de culinária. O evento é muita correria, no primeiro fiquei super nervoso, mas já estamos mais acostumados com o número de pessoas. Termos de aproveitar a visibilidade e a oportunidade", afirmou.
Neste domingo, o Favela Gastronômica continua a partir das 11h até às 19h. A entrada é gratuita e as atrações serão Marquinhos Sensação e Renan Oliveira. A edição deste ano contou com 20 empreendedores.
"Criar o Favela Gastronômica foi um passo importante para mostrar que a favela também é potência quando o assunto é cultura, comida e inovação", afirma Rene Silva, idealizador do Favela Gastronômica e fundador do Voz das Comunidades.
"Pensar esse evento a partir do nosso território, com a nossa linguagem e nossos sabores, é afirmar que a gastronomia também é uma ferramenta de transformação social. Este ano conseguimos dobrar a estrutura da edição anterior e a expectativa é que a próxima seja ainda maior."

ASSUNTOS: Variedades