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Ricardo Teixeira (União Brasil) é eleito presidente da Câmara Municipal de São Paulo

Por Folha de São Paulo

01/01/2025 21h15 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Câmara Municipal de São Paulo elegeu nesta quarta-feira (1º) o vereador Ricardo Teixeira (União Brasil) como seu presidente. Ele assume após quatro mandatos consecutivos de Milton Leite, o mais longevo na história da Casa.

Teixeira teve 49 dos 55 votos de vereadores -não votaram nele apenas os políticos do PSOL, que indicaram Celso Giannazi (PSOL). Ele agradeceu em seu discurso à indicação unânime de seus colegas para "chegar à presidência da Casa".

"Em primeiro lugar peço que confiem, vocês são meus amigos", disse Teixeira aos colegas ao defender sua candidatura. Ele não fez promessas nem detalhou qual será sua prioridade à frente do Legislativo municipal. "Meu telefone está à disposição de vocês, 24 horas."

Teixeira fez um agradecimento especial a Leite, a quem chamou de "amigo e professor".

Giannazi fez um discurso mais longo e defendendo a independência da Câmara Municipal, afirmando que o Legislativo aprova os projetos da prefeitura com discussão insuficiente -e que isso em alguns casos resulta em leis inconstitucionais.

"Nos últimos anos a Câmara Municipal infelizmente se portou com submissão, funcionando muitas das vezes quase como um puxadinho, um cartório, chancelando todos os projetos", afirmou o psolista.

Ele também criticou o sistema de plenário virtual da Câmara. Segundo Giannazi, é o único parlamento no país que ainda permite votações à distância -fato que foi também criticado por Eliseu Gabriel (PSB), ao declarar a eleição de Teixeira à presidência.

"Concordo em suspender o plenário virtual. Nós temos um momento muito mais quente, muito mais correto com a presença de todos aqui", disse Gabriel, que presidia a sessão de solenidade no Palácio Anchieta, sede do Legislativo paulistano.

À imprensa, Teixeira disse que suceder o político que comandou o Legislativo paulistano por mais tempo na história pode ser seu maior problema. "O Milton é um mito aqui na Casa", afirmou. "Acho que esse vai ser o maior desafio da minha carreira."

Durante a sessão, o vereador Eliseu Gabriel (PSB) defendeu que a Câmara Municipal volte a permitir apenas uma reeleição do presidente. Hoje, após mudanças promovida por Milton Leite na legislação, é possível se reeleger indefinidamente.

Questionado sobre o pedido, Teixeira desconversou. "Se for apresentado algum projeto, a Mesa [Diretora da Casa] tem de levar ao plenário e votar", disse. É o presidente que decide a pauta de votação, portanto Teixeira terá poder para influenciar o tema. "A maioria decide."

Como principal proposta de sua presidência, ele sugeriu levar sessões plenárias -em que normalmente só os vereadores e autoridades falam, diferente de audiências públicas- para bairros de periferia. O vereador disse que o intuito seria ouvir as principais reivindicações da população para os bairros.

Sua escolha para liderar o Legislativo paulistano ocorre por meio de um acordo com os partidos da base de apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que prometeram dar ao União Brasil o comando da Casa por quatro anos consecutivos. João Jorge (MDB) será o primeiro vice-presidente da Câmara, e o segundo vice-presidente será Isac Félix (PL).

Após meses de especulações e reviravoltas, Teixeira foi escolhido por unanimidade em reunião do diretório municipal do partido no fim de dezembro. A maioria dos vereadores justificou seu voto para "cumprir o acordo" dos partidos de base do prefeito.

Em troca, o PT obteve o apoio para que o petista Hélio Rodrigues fosse eleito primeiro secretário da Mesa Diretora. Dr. Milton Ferreira (Podemos) foi o escolhido para o cargo de segundo secretário.

Aos 66 anos, ele está em seu sétimo mandato consecutivo. Teixeira é engenheiro e foi estagiário da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na década de 1980. Trabalhou em órgãos estaduais ligados a infraestrutura de transporte como a Dersa (Desenvolvimento Rodoviária SA), o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano).

Ele já foi secretário municipal do Verde e Meio Ambiente e da coordenação de Subprefeituras em 2013, na gestão Fernando Haddad (PT). Durante a gestão Nunes, ele comandou a Secretaria de Mobilidade e Trânsito de agosto de 2021 a maio de 2023.

Esse período lhe rendeu uma das suas principais plataformas de campanha: em seu site, o vereador diz que é "pai da faixa azul", o espaço exclusivo para o tráfego de motocicletas, uma inovação que não está prevista no Código de Trânsito Brasileiro e ainda passa por testes.

A expectativa é que a Câmara sob seu comando mantenha uma relação amigável com o Executivo, uma vez que Teixeira já integrou a gestão Nunes e seu partido faz parte da base de apoio ao governo municipal. Em 2024, por exemplo, a Casa aprovou todos os projetos enviados pela prefeitura.

Os partidos da coalizão que apoiou Nunes durante as eleições detêm 36 cadeiras, o que equivale a 65% do total. O pleito deixou a composição do Legislativo municipal mais ao centro e menos à direita. PL, MDB e PP viram suas vagas crescerem no maior Legislativo municipal do país, enquanto o PSDB, que deteve uma das maiores bancadas em 2020, sumiu.

Partidos de direita passaram de 26 para 17 cadeiras; os de centro, de 12 para 20; e os de esquerda, de 17 para 18, de acordo com classificação do GPS partidário da Folha de S.Paulo. A fragmentação da casa diminuiu, como era esperado com a reforma eleitoral, passando de 18 para 16 partidos em sua composição.

Dos 55 vereadores que assumem nesta quarta, 20 são novos, um índice de renovação na casa de 36%, mais baixo do que o das últimas duas eleições (40%).


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