Secretariado de Ricardo Nunes combina forasteiros e comissionados de carreira
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em seu segundo mandato como prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) montou um secretariado que mescla políticos de cidades próximas que ficaram sem cargos eletivos em seus domicílios eleitorais e pessoas que há anos pulam entre cargos comissionados na prefeitura e no governo do estado.
O primeiro escalão municipal tem quatro ex-prefeitos que encerraram seus mandatos no último dia 31 de dezembro e 14 políticos que já haviam sido secretários de outras pastas.
É o caso de Eliana Maria das Dores Gomes, nova secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, que já havia sido secretária na Habitação e no Urbanismo e Licenciamento. Também trabalhou no gabinete de Nunes e no comando do Serviço Funerário, à época da concessão do serviço. Fechou 2024 na Prodam, empresa municipal de tecnologia da informação e comunicação.
A prefeitura disse à Folha de S.Paulo que a equipe de secretários municipais representa um governo de frente ampla, plural e democrático, aprovado pelas urnas na eleição municipal. "A escolha de cada integrante atendeu a critérios como aptidão, capacidade técnica e reconhecimento profissional."
Dos 33 nomes anunciados, entre secretários e secretários-executivos, 13 foram mantidos e outros 13 chegam agora à prefeitura.
Outros sete foram realocados das pastas que comandavam no ano passado, como Gilmar Miranda, que pulou de Mobilidade Urbana e Transporte para a Secretaria Executiva de Mobilidade e Trânsito.
Candidato derrotado a deputado federal em 2018 pelo PSDB, o novo secretário das Subprefeituras, Fabrício Cobra, está completando dez anos em cargos do tipo. Ele foi secretário de Turismo no estado, subprefeito da Vila Mariana, adjunto na Gestão e, desde 2022, era secretário da Casa Civil na prefeitura.
Para o lugar dele, na Casa Civil, Nunes nomeou Enrico Misasi, ex-secretário-executivo de Relações Institucionais da prefeitura. Misasi também é o primeiro suplemente da bancada de cinco deputados federais do MDB. Ele foi deputado na legislatura passada e preside o partido na cidade.
O secretariado de Nunes conta com quatro políticos com mandatos legislativos, que se afastaram dos cargos para os quais foram eleitos. Dois são vereadores: Rodrigo Goulart (PSD), secretário de Desenvolvimento Econômico e Habitação, e Sidney Cruz (MDB), de Habitação. Ficam na Câmara Municipal o ex-secretário municipal de Esporte Carlos Bezerra Jr. (PSD) e o veterano Paulo Frange (MDB), em oitavo mandato.
O deputado estadual Rui Alves (Republicanos), pastor evangélico, segue no Turismo, abrindo cadeira na Alesp para o policial federal Danilo Campetti, aliado próximo a Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Milton Vieira (Republicanos), deputado federal licenciado, foi trocado da Habitação para a Inovação e Tecnologia. A movimentação mantém Ely Santos (Republicanos) como deputada federal. Ela é irmã de Ney Santos, ex-prefeito de Embu das Artes, acusado de elo com o PCC.
No caminho contrário, Felipe Becari (União), que era secretário de Esporte, volta ao seu mandato na Câmara dos Deputados depois de ajudar a eleger vereador o marido da deputada federal Renata Abreu, Gabriel Abreu (Podemos).
A pasta volta a ser comandada por um filiado do Podemos, Rogério Lins, prefeito de Osasco por dois mandatos e, antes, vereador. Ele chegou a ser preso antes de tomar posse na prefeitura, em 2016.
Com Lins, são três os ex-prefeitos que se tornaram secretários no segundo mandato de Nunes. Ex-prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PL) assumiu o Verde e Meio Ambiente, enquanto Luiz Fernando Machado (PL), que deixou a Prefeitura de Jundiaí, será secretário de Desestatização e Parcerias a partir do fim do mês.
Orlando Morando, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e marido da deputada estadual Carla Morando (PSDB), comanda a Segurança Urbana. Em dezembro, ele deixou o PSDB depois de 20 anos na legenda e, hoje, é disputado por MDB e União.
Na Cultura, o novo secretário é Totó Parente, ex-vereador de Cuiabá (MT), que também foi assessor de Lindbergh Farias (PT) na Prefeitura de Nova Iguaçu (RJ).
Outros políticos de primeiro escalão na gestão Nunes também são de fora da cidade, casos de Cacá Viana (Podemos), ex-secretário de Educação de Diadema e de Esporte em São Paulo, agora adjunto na Habitação, e Silvia Grecco, que segue na Secretaria da Pessoa com Deficiência. Ela foi secretária de Assistência Social de Mauá por quase uma década.
Além dela, 12 secretários seguem onde estavam, incluindo Fernando Padula (Educação), Luiz Felipe Arellano (Fazenda), Marcela Arruda Nunes (Gestão), Edson Aparecido (Governo Municipal), Luiz Carlos Zamarco (Saúde) e Bete França (Urbanismo), todos em cargos estratégicos.
Entre as novidades estão o jornalista Fábio Portela, na Comunicação, Angela Granda (ex-secretária nacional da Família do governo Jair Bolsonaro), em Relações Internacionais, e Celso Caldeira, em Mobilidade e Trânsito. Luciana Sant'ana Nardi havia sido anunciada em novembro como nova procuradora-geral.
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