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Sobrevivente de ataque a tiros em assentamento do MST passa por cirurgia

Por Folha de São Paulo

13/01/2025 15h30 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O sobrevivente do ataque a tiros a um assentamento do MST no interior de São Paulo passou por cirurgia nesta segunda-feira (13) e permanece em observação.

Denis Barbosa Carvalho, 29 anos, passou por cirurgia para retirar estilhaços do tiro que levou na cabeça. A operação aconteceu na manhã desta segunda-feira (13), informou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Denis está internado no Hospital Regional de Taubaté em estado grave desde a sexta-feira (11). O homem foi atingido por um tiro na cabeça durante um ataque a tiros contra o assentamento Olga Benário, em Tremembé, no interior de São Paulo.

Denis segue em estado grave, mas estável. Ainda de acordo com o MST, após sucesso na cirurgia, ele segue internado em observação na UTI do hospital.

A assessoria do movimento chegou a noticiar a morte de Dênis no sábado, mas no período da noite corrigiu a informação, alertando que ele seguia hospitalizado. Dênis é irmão de Gleison Barbosa Carvalho, 28, que morreu no atentado.

O CRIME

Cerca de dez homens apareceram no local em cinco carros e atiraram. Referência do movimento, Valdir do Nascimento, o Valdirzão, 52, foi morto com vários tiros na cabeça. "O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo", diz Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST. Também morreu no local Gleison Barbosa de Carvalho, 28.

As pessoas feridas têm entre 18 e 49 anos. Elas foram levadas ao Hospital regional do Vale do Paraíba - Sociedade Beneficente São Camilo, de Taubaté, e ao pronto-socorro.

Boletim de ocorrência cita disputa por terras. Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, afirma que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse invadida ilegalmente durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família. No grupo, estavam crianças e idosos. Muitos deles dormiam quando o ataque ocorreu, por volta das 23h.

"É uma região onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias, para tomar alguns lotes. Há uma luta de resistência de bastante tempo", disse Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST.

Cerca de 45 famílias vivem na área. O assentamento é regularizado para o MST pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos.

Fonte do MST ouvida pela reportagem afirma que o conflito envolve crime organizado. Os assentados, que têm autorização legal para ocuparem a área, temiam que milicianos tomassem o local.

O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté. Um homem foi abordado no local do atentado e autuado em flagrante por porte ilegal da arma.

UM SUSPEITO PELO ATAQUE FOI PRESO

A Polícia Civil prendeu no sábado (11) um homem suspeito de chefiar o ataque a tiros. Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como "Nero do Piseiro", foi identificado por testemunhas como um dos responsáveis pelo plano do atentado.

De acordo com o delegado Marcos Ricardo Parra, que investiga o ataque, o homem de 41 anos teria chefiado o ataque. Ao UOL, o delegado informou que o suspeito foi identificado por testemunhas como um dos líderes do grupo armado, e, ao ser interrogado, confessou participação no crime mas negou que tenha participado das mortes.

A Polícia Civil informou, ainda, que outro suspeito de envolvimento no ataque, identificado como Italo Rodrigues da Silva, segue foragido. O homem preso no sábado indicou que deve entregar mais comparsas, segundo Parra. Ainda não se sabe quantas pessoas estão envolvidas no crime. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do suspeito.

"Nero do Piseiro" e Italo tiveram as prisões temporárias de 30 dias decretadas pela Justiça no domingo (12). Ao UOL, o delegado da seccional de Taubaté, responsável pela investigação, disse que diligências seguem acontecendo para descobrir o paradeiro do suspeito foragido.


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