Vice-líder do PL na Alesp, Lucas Bove é acusado de violência doméstica pela ex-mulher
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado Lucas Bove, 36, vice-líder do PL na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), é acusado de violência doméstica por sua ex-mulher, a influenciadora Cíntia Chagas. Ele nega.
Cíntia prestou depoimento à Polícia Civil em setembro e relatou uma série de abusos durante a relação de pouco mais de dois anos, terminada no último mês de agosto. Segundo ela, tudo começou com episódios de ciúme -Bove perguntava constantemente onde a parceira estava e pedia provas, como fotos e vídeos.
Isso teria evoluído para ataques verbais e físicos, e Cíntia afirmou que o marido a humilhava, proferindo diversos xingamentos, como "burra". A influencer também disse que Bove a agredia, deixando lesões, e já teria arremessado contra ela uma faca, que atingiu sua perna.
Após a denúncia, a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher instaurou inquérito policial e solicitou medida protetiva para Cíntia Chagas, concedida pela Justiça.
O caso foi registrado como violência doméstica, violência psicológica, ameaça, injúria e perseguição. As investigações prosseguem sob sigilo judicial, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
Procurada, a defesa do deputado não respondeu à reportagem.
Bove, porém, fez uma publicação no Instagram e escreveu que "jamais encostaria a mão para agredir uma mulher". Também publicou vídeo no qual diz estar proibido de falar sobre o assunto porque o processo corre em segredo de Justiça, mas afirma que "a verdade será restabelecida".
"Estou proibido de falar qualquer coisa sobre isso, de citar nomes, inclusive, enfim. Estou de mãos atadas, de boca amordaçada, mas tenho certeza que no momento certo a verdade vai ser restabelecida", disse.
Bove afirmou que vai continuar trabalhando.
Na manhã desta sexta-feira (11), a deputada Mônica Seixas (PSOL-SP) protocolou uma manifestação contra Bove no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp, pedindo sua cassação. O colegiado já analisa possíveis medidas. Antes, porém, o acusado será ouvido.
Em nota à reportagem, a Alesp disse repudiar todo e qualquer caso de violência contra a mulher.
Também procurado, o PL paulista -dono da maior bancada na Casa, com 19 deputados- não se pronunciou sobre a denúncia contra Bove. E membros do partido disseram à reportagem ser ainda muito cedo para expor uma posição.
O PL Mulher, braço do partido comandado pela ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, discorda. A organização divulgou nota dizendo repudiar a violência doméstica e que a comprovação de tais práticas resultará na adoção de medidas severas.
"Nos solidarizamos com todas as mulheres vítimas desse crime cruel. O PL mulher está acompanhando o desenrolar dos fatos ora investigados e adotará medidas cabíveis segundo os resultados obtidos na investigação e em nossas diligências", diz a nota.
Gabriela Manssur, advogada de Cíntia, lamentou o vazamento de informações sobre o processo.
"O segredo de Justiça tem por objetivo proteger exatamente a privacidade da mulher em situação de violência, caso ela opte por não expor publicamente os fatos, como foi a escolha de Cíntia", afirmou.
Manssur seguiu dizendo ter sido a denúncia um ato de coragem, de proteção à integridade física, psíquica e moral e, acima de tudo, uma medida de sobrevivência, servindo de exemplo para todas as mulheres que se encontram na mesma situação.
"Vamos aguardar a conclusão do inquérito policial e entendimento do Ministério Público sobre os fatos", completou.
QUEM É LUCAS BOVE
Formado em administração e comércio exterior, Bove foi eleito deputado estadual por São Paulo nas eleições de 2022 com mais de 130 mil votos.
Ele se define como bolsonarista em sua bio no Instagram.Também publica vídeos defendendo o agronegócio.
Além de vice-líder do PL na Alesp, ele é vice-presidente da Comissão de Educação da Casa.
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